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quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Vergonha...49 espaços culturais no Rio são fechados...


...Por absoluto desdém, incompetência e descuido de sucessivos governos em relação à produção artística em nosso país! 

A interdição dos espaços culturais significa - de maneira muito direta - a comprovação de como em terras tupiniquins o artista não é visto, respeitado ou prestigiado como profissional que tem uma profissão e um trabalho a realizar (como qualquer outro trabalhador!).

Somos descartáveis, incomodativos e inconvenientes. Senão trabalhamos, não pagamos as nossas contas. Mas quem se importa? Que se danem! Existimos apenas para a diversão do próximo e se não estamos aí também não faz falta... outros virão...(!)

Desculpem o desabafo! É que nestes dias ando bastante enraivecido com toda essa situação.

Luciano Loureiro





Rio e Niterói têm 49 espaços culturais públicos, entre eles 13 teatros, funcionando sem autorização do Corpo de Bombeiros, o governo do estado e a prefeitura do Rio decidiram suspender a programação artística em todos eles. A interdição vai durar 20 dias, até que todos os espaços sejam vistoriados e liberados pelos Bombeiros.

"— Há anos esses teatros funcionam dessa maneira com a cumplicidade do poder público e dos Bombeiros, porque se não tem alvará a obrigação de fiscalizar é deles. Então há anos que se perpetua essa hipocrisia que faz com que nada aconteça com os responsáveis. Muitos podem ser prejudicados com essas medidas, será que não é possível solucionar o que precisa ser feito com os teatros abertos? Será que os teatros estão em tão péssimas condições? É fundamental resguardar a segurança de todos, mas talvez essa não seja a melhor forma."

Eduardo Barata, Presidente da Associação dos Produtores de Teatro do Rio de Janeiro (APTR)



sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Esta semana, o Brasil perdeu um dos seus grandes artistas: Walmor Chagas

Walmor Chagas foi um dos grandes atores brasileiros, com atuação na TV, no teatro e no cinema - todas marcantes...



Esta semana, o Brasil perdeu um dos seus grandes artistas. Um nome que fez história no teatro, cinema e na TV. Aos 82 anos, Walmor Chagas vivia isolado em um sítio no interior de São Paulo. Um retiro a que só amigos e empregados tinham acesso. Nascido em Porto Alegre, em 1930, Walmor Chagas enfrentou a família, aos 18, para ser ator.
Na Rede Globo de Televisão, trabalhou em 15 novelas e oito minisséries. A última novela foi "A Favorita", em 2008.

Também fez dezenas de filmes. O primeiro trabalho no cinema foi o clássico "São Paulo SA", de Luís Sérgio Person.

O último foi o ainda inédito "A coleção invisível", de Bernard Attal. A equipe filmou em 2011 na Bahia.

Mas os palcos foram sempre a maior paixão.

Walmor Chagas foi casado com a atriz Cacilda Becker. Atuou, produziu e dirigiu mais de 60 peças. E fez teatro até na televisão. 

Bravos!!! 

VIVER É MORRER

Em 2011, em entrevista à série "Grandes Atores", da GloboNews, o ator disse que passara a se sentir deslocado no circuito das artes.

"É como um atleta: tem um período de auge, depois começa a decair", afirmou.
"Viver para mim é vontade de morrer, já dizia Drummond. Morrer é fundamental. Estou esperando a morte a cada minuto, a cada momento. Sem problemas."

A última peça de teatro estrelada e escrita por Walmor debatia o suicídio. Com o título "Um Homem Indignado", entrou em cartaz em São Paulo em 2005, com direção de Djalma Limongi Batista.

Com base na peça e em entrevistas com o ator, Limongi Batista escreveu o livro "Ensaio Aberto para um Homem Indignado", lançado pela coleção Aplauso (Imprensa Oficial). Segundo ele, nos últimos anos Walmor se isolara completamente na pousada de Guaratinguetá. "Era coisa dele mesmo, ele gostava. Se for pensar, a geração toda dele foi indo embora, é natural que a pessoa vá se isolando. Deve ser um sentimento horrível. Ele era muito sensível."



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Barbara Heliodora escreve sobre Walmor Chagas: 'Grande ator e grande pessoa'

  • Crítica de Teatro do GLOBO lembra os principais momentos da carreira do ator

Vai-se mais um nome da grande geração de atores que foi vista na fase áurea do espetáculo brasileiro, os anos 50 e 60. Walmor Chagas era gaúcho, e se tornou conhecido a partir dos anos em que trabalhou no TBC de São Paulo. No que talvez seja sua atuação mais inesquecível, a de George em “Quem Tem Medo de Virginia Woolf”, ele trabalhou ao lado de Cacilda Becker, com quem se casou, e com quem saiu do TBC, junto com Ziembinski, para fundar o Teatro Cacilda Becker, companhia que existiu por alguns anos, tendo estreado no Rio de Janeiro com “Longa jornada noite adentro”, de Eugene O’Neill.
Para o grande público, Walmor é mais lembrado por seus muitos trabalhos na televisão, já que depois da separação e da morte de Cacilda (com quem ele fazia “Esperando Godot” quando ela teve seu derrame fatal) ele se afastou muito do teatro. Porém mais tarde comprou uma casa na Tijuca onde, graças a grandes obras, inaugurou um pequeno teatro.
Mesmo já muito ligado à televisão, Walmor fez ainda, com Italo Rossi, um extraordinário espetáculo com poemas de Fernando Pessoa.
Com uma forte tendência para a reclusão, Walmor passou já há muitos anos a morar em seu sítio perto de Campos de Jordão, de onde em algumas ocasiões a TV Globo conseguiu seduzi-lo para mais um trabalho no qual, como sempre, ele se sairia muito bem.
Grande ator e grande pessoa, a figura de Walmor Chagas marca a história do teatro e da televisão brasileiros, e deixa imensas saudades.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Divulgando: AGRUPE – TEATRO DE GRUPO EM QUESTÃO. Um evento pensado para fomentar o intercâmbio entre jovens grupos de teatro da cidade do Rio de Janeiro



Apresentamos:
AGRUPE – TEATRO DE GRUPO EM QUESTÃO. Um evento pensado para fomentar o intercâmbio entre jovens grupos de teatro da cidade do Rio de Janeiro, durante o período de 17 a 20 de janeiro de 2013, sempre de 13h às 18h, na galeria Marcantônio Vilaça (2o andar) do Centro Cultural Municipal Sérgio Porto. Este projeto é idealizado e produzido de forma independente pelo Grupo Garimpo, em parceria com o Projeto Entre, com curadoria de Daniela Amorim e Joelson Gusson. Entrada franca.
Com a necessidade de fomentar a arte e o intercâmbio entre jovens grupos de teatro cariocas, a fim de suscitar uma série de ações e questionamentos sobre as formas coletivas de organização e criação, propomos:
Entre os dias 17 e 20 de Janeiro de 2013, um encontro com encontros e trocas de experiências de jovens grupos e cias. da cidade com pesquisadores e integrantes de grupos reconhecidos pelo público e crítica;
Para:
Refletir, sugerir e questionar sobre gestão e sustentabilidade de grupos e cias. de teatro na cidade do Rio de Janeiro, em busca de um ideário artístico, continuidade de um núcleo mínimo de diálogo entre estes artistas ao longo do tempo e consequente fortalecimento do setor, sempre ligado aos vínculos que esse coletivo teatral estabelece com o público, seu entorno ou mesmo com a cidade onda atua;
Realizar uma pequena mostra de trabalhos dos jovens grupos participantes do encontro, alcançando e incentivando outros grupos, estudantes e interessados em processos criativos desenvolvidos na cidade do Rio de Janeiro;
 A organização deste encontro se dá porque: identificamos dificuldades que os jovens grupos na cidade tem de organização e sustentabilidade dos seus respectivos trabalhos artísticos.
Em função disso, compreendemos a necessidade deste encontro para fortalecer as bases dos grupos locais de teatro e ampliar a rede de contatos dos mesmos, através de exemplos de atuação outros grupos fora da cidade do Rio de Janeiro, valorizando as ações coletivas como possibilidade de transformação e participação nas decisões para o setor.
Em contribuição:
Ao cenário artístico carioca. Juntar, reunir e (in)formar para fortalecer a atuação dos grupos, que por sua vez retornam à sociedade com suas pesquisas, atuações e propostas culturais de forma cíclica e potente.

Concentração de verbas públicas para produções teatrais

“O que não faz sentido é, por medo de debatermos francamente, escolhermos um caminho que combina o pior dos dois mundos: dinheiro público financiando interesses privados”.
Por Denis Russo Burgierman

Recentemente com investimentos de R$ 25 milhões para a sua temporada paulista, ocorrida em 2012, e com mais R$ 5 milhões aprovados pelo Ministério da Cultura (MinC), via Lei Rouanet, para uma temporada que segue até abril no Vivo Rio, “A família Addams” se tornou a produção mais cara da história do teatro brasileiro. 

O que traz um velho e atual questionamento a tona mais uma vez. Opa! Vamos lembrar que isso já ocorreu, por exemplo, com o Bradesco quando patrocinou a primeira vinda do Cirque du Soleil ao Brasil, com dinheiro público da Lei Rouanet. O ingresso para as apresentações custavam algo próximo a um salário mínimo(!?). Mas, vamos em frente... Pergunte a qualquer diretor de marketing de uma empresa privada ou pública qual é sua principal obrigação e compromisso quando aprova um projeto de patrocínio, via renuncia fiscal, para uma produção artística e ele dirá: 'produzir lucro e visibilidade para minha empresa claro!' É importante salientar que as empresas públicas e privadas não possuem a necessária preparação, competência ou responsabilidade com os destinos da educação e da cultura de uma nação... E não é pra ter mesmo! Sendo assim, é absolutamente catastrófico que se continue elegendo empresas como intermediárias do dinheiro público destinado ao patrocínio cultural através da renuncia fiscal. Enquanto isso ocorrer, será o dinheiro público sendo investido no privado e no lucro real das empresas. Apenas num Brasil capitaniado, desde tempos coloniais, por oligarquias isso pode acontecer. Lamentável, recorrente e vergonhoso... Já ao o Sistema Nacional de Cultura (SNC)


Luciano Loureiro


Ps. Acho tão cafona e anacrônica essa ideia de se ficar copiando espetáculos da Broadway! Você não acha? O Brasil e sua arte não mereciam isso.

sábado, 12 de janeiro de 2013

Finalistas do 7º Prêmio APTR

O Desaparecimento do Elefante recebeu sete indicações




Foram escolhidos os finalistas da sétima edição do Prêmio da Associação de Produtores Teatrais do Rio de Janeiro da temporada de 2012. Em reunião realizada nesta última sexta-feira, o júri composto por Bárbara Heliodora, Daniel Schenker, Lionel Fischer, Macksen Luis, Mauro Ferreira, Norma Thiré, Rafael Teixeira, Rodrigo Monteiro e Tânia Brandão escolheu os indicados ao 7º Prêmio APTR de Teatro. 
Os premiados serão conhecidos em cerimônia prevista para a segunda quinzena de março no Teatro Carlos Gomes.

Autor – Pedro Brício (Breu)
             Maurício Arruda e Paulo Moraes (Marca da Água)
             Gustavo Gasparani e Eduardo Rieche (Mimosas da Praça Tiradentes)
              Carla Faour (Obsessão)

Diretor – Marcio Abreu (Esta Criança)
               Bruce Gomlevsky (O Homem Travesseiro)
               Monique Gardenberg e Michele Matalon (O Desaparecimento do Elefante)
               João Fonseca (Dorotéia)

Cenógrafo – Fernando Marés (Esta Criança)
                     Aurora dos Campos, Maria Silvia Siqueira Campos e Miwa Yanagizava (Breu)
                     Daniela Thomas e Camila Schmidt (O Desaparecimento do Elefante)
                     Edward Monteiro (Quase Normal)

Figurinista – Teca Finchinski (Valsa Nª 6)   
                      Kika Lopes (Gonzagão – A Lenda)
                      Claudia Kopke (O Desaparecimento do Elefante)
                      Thanara Schönardie (Dorotéia)

Iluminador – Maneco Quindré (A Primeira Vista, Édipo Rei, Marca da Água e O Outro Van Gogh)
                      Nadja Naira (Esta Criança)
                      Luis Paulo Nenen e Thiago Mantovani (O Homem Travesseiro)
                      Thomas Ribas (Breu)

Ator Protagonista – Marcos Caruso (Nome do Jogo)
                                Fernando Eiras (O Outro Van Gogh)
                                Gregório Duvivier (Uma Noite na Lua)
                                Bruce Gomlevsky (O Homem Travesseiro)

Atriz Protagonista – Renata Sorrah (Esta Criança)
                                 Vanessa Gerbelli (Quase Normal)
                                  Drica Moraes (A Primeira Vista)
                                  Debora Lamm (Mamutes)

Ator em Papel Coadjuvante – Tonico Pereira (A Volta ao Lar O Homem Travesseiro)
                                                    Ricardo Blat (O Homem Travesseiro)
                                                     Kiko Mascarenhas (O Desaparecimento do Elefante)
                                                    Gilberto Gawronski (Dorotéia)

Atriz em Papel Coadjuvante – Marjorie Estiano (O Desaparecimento do Elefante)
                                                       Fernanda de Freitas (O Desaparecimento do Elefante)
                                                        Ana Baird (Obsessão)
                                                       Simone Spoladore (Depois da Queda)

Especial – Tempo Festival
                  Editora Cobogó pela edição de peças teatrais nacionais
                  Marcela Altberg pelo casting de musicais
                  Complexo Duplo pela ocupação do Teatro Galucio Gil

Música  - Tim Rescla pela música original de Era Uma Vez...Grimm
                 Alexandre Elias pela direção musical de Gonzagão – A Lenda
                 Delia Fischer pela direção musical e arranjos de Milton Nascimento – Nada Será Como Antes
                 Tomás Gonzaga pela trilha sonora de Valsa Nª 6

Espetáculos – O Desaparecimento do Elefante
                        O Homem Travesseiro
                        Esta Criança
                        Quase Normal


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quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

"Quebra-Ossos" reestreia sexta, dia 11 no Teatro Municipal Gonzaguinha, com a Cia Múltipla de Teatro.


Reestreia sexta, dia 11 às 20h o Teatro Municipal Gonzaguinha "QUEBRA OSSOS" de Julia Spadaccini, com direção de Alexandre Mello, indicado ao Prêmuio Shell de melhor autor. 


Depois de 4 meses consecutivos no Laura Alvim no ano passado, voltamos ao Rio, VEM!

Quebra-ossos



Bom espetáculo!!! Vale muito assistir...

Indicação para o Prêmio Shell de melhor texto 2012!


Texto: Julia Spadaccini direção: Alexandre Mello elenco: Patricia Elizardo, Rodrigo Turazzi, Cirillo Luna Iluminação de Renato Machado, figurinos de Flavio Souza, cenário de Daniele Geammal, trilha de Leandro Baumgratz, visagismo de Sandra Moscatelly, Produção de Rogério Garcia.




Quebra ossos
Trio busca respostas para seus anseios
Três personagens, uma mulher e dois homens, procuram respostas para seus questionamentos, em busca de transformação. João é um homem de dupla personalidade, Augusto está em crise com a própria identidade e Maria carrega a culpa de um segredo do passado.


INFORMAÇÕES - Quebra-Ossos 
Local: Teatro Municipal Gonzaguinha 
Centro de Artes Calouste Gulbenkian (Lotação: 130 lugares
Rua Benedito Hipólito, 125, terceiro andar - Centro (próximo à estação Praça Onze do metrô) Tel: (21) 2224-8283 Data: 11 janeiro a 3 fevereiro de 2013 
Horário: Sextas e sábados, às 20h e domingos, às 19h
Preços: R$ 20,00 e R$10,00 (estudantes, classe artística e lista amiga)
Duração: 70 minutos
Classificação etária: 12 anos

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

ROBERTA CARRERI - GRÁTIS - NO ESPAÇO SESC!!



RIO DE JANEIRO: ROBERTA CARRERI - GRÁTIS - NO ESPAÇO SESC!! 




E até amanhã vc pode enviar um breve cv para odinteatretbrasil@gmail.com para ser um dos 10 participantes da Master Class que ela conduzirá no sábado, das 11 às 14h. Veja a programação completa abaixo!!! Não perca PEGADAS A NEVE e a PALESTRA que ela dará no domingo!!!


https://www.facebook.com/odinteatret.brasil?fref=ts


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"Sobre o Teatro de Marionetes", por Heinrich Von Kleist

Clique na foto para ter acesso ao seu texto "Sobre o Teatro de Marionetes"


 “Cada movimento- disse-me ele – tinha o seu centro de gravidade; bastava controlá-lo a partir do interior do boneco; os membros, que não passavam de pêndulos, seguiam por si mesmos, sem nenhuma intervenção mecânica.”

Heinrich Von Kleist

sábado, 5 de janeiro de 2013

TEATRO POEIRA - A PONTE DOS VENTOS

7 a 11 de Janeiro
A Ponte dos Ventos – Vindenes Bro, em dinamarquês – é o nome de um projeto pedagógico criado e dirigido por Iben Nagel Rasmussen desde 1989. Nasce do desejo de Iben de reunir um grupo internacional de artistas para transmitir seu próprio legado e os valores teatrais sobre os quais se funda sua experiência como atriz. Seu objetivo não é fazer espetáculos, e sim trabalhar ao longo dos anos com as mesmas pessoas, formando um coletivo orgânico e seguindo o desenvolvimento e a transformação do percurso artístico de cada um.
O grupo, que desde então se reúne anualmente por cerca de 20 dias em diferentes países, possui artistas europeus e latino-americanos, três dos quais brasileiros: Carlos Simioni (SP), Tatiana Cardoso (RS) e Rafael Magalhães (BA). No entanto, a transculturalidade do grupo não é apenas ligada à geografia, mas às diferentes formações artísticas de seus integrantes: atores, dançarinos, músicos e cantores.
 
Atualmente, A Ponte dos Ventos difunde sua experiência através de oficinas, encontros pedagógicos, espetáculos, teatro de rua, animação cultural, trocas e o concerto multicultural "As Vozes do Vento". Isso acontece quando seus integrantes se encontram para aprofundar sua pesquisa e, ao mesmo tempo, compartilhá-la com um público mais amplo.
 
O encontro que acontecerá entre Iben Rasmussen e Carlos Simioni no Rio de Janeiro, viabilizado pelo Teatro Poeira, nasce do meu desejo de compartilhar com artistas e estudiosos de nossa cidade um pouco da história, da cultura e da tradição artístico-pedagógica do Ponte dos Ventos, um grupo que, para existir e sobreviver, teve que inventar uma modalidade completamente nova de "fazer teatro", revelando-se único no cenário internacional. Afinal, que outro grupo existe solidamente no mundo há 23 anos com todas estas características, mantendo rigorosamente a reunião anual de seus 22 integrantes, provenientes de 11 diferentes países, para uma profunda imersão de investigação teatral e, também, pela alegria do encontro e da troca?
 
Muitas são as formas de teatro experimentadas através dos séculos e das geografias. Muitas são as maneiras de vivê-las e de fazê-las viver. Muitas são as possibilidades de viver através do teatro. Muitas são as configurações dos grupos e das comunidades teatrais. A Ponte dos Ventos nos prova que nada é impossível quando a necessidade é mais forte que os obstáculos, quando o desejo de voar leva à construção das próprias asas para que o sonho se realize, mas sem nunca perder a consciência do chão.
 
Patricia Furtado de Mendonça
 
 
Por que unir Iben Nagel Rasmussen e Carlos Simioni neste projeto?
 
A junção destes dois grandes artistas no Teatro Poeira, dentro da moldura deste projeto, não é nada casual e se dá por diferentes razões.
 
I
Trajetórias Compartilhadas
Carlos Simioni foi o primeiro discípulo de Luis Otávio Burnier, com quem fundou o Lume Teatro em 1985. Iben Nagel Rasmussen é uma das atrizes mais antigas do Odin Teatret, grupo fundado por Eugenio Barba em 1964.
Foi Luis Otávio Burnier que trouxe Eugenio Barba ao Brasil pela primeira vez, em maio de 1987, quando ele esteve no Rio de Janeiro junto de Iben Nagel Rasmussen e de outros atores do Odin Teatret Nordisk Teaterlaboratorium. Em fevereiro de 1991, Aderbal Freire-Filho leva Eugenio Barba à Fortaleza. Burnier e Aderbal são responsáveis por inúmeras turnês do Odin Teatret ao Brasil nos anos seguintes.
Com isso, vemos o entrelaçar-se de trajetórias compartilhadas entre Carlos Simioni, Luis Otávio Burnier, Iben Nagel Rasmussen, Eugenio Barba e Aderbal Freire-Filho – hoje, assíduo "habitante" do Teatro Poeira – há mais de 20 anos.
 
II
Iben Nagel Rasmussen e Carlos Simioni
Eles se conheceram em 1987, quando Iben veio ao Brasil pela primeira vez e, a partir desta data, foi inúmeras vezes a Campinas, com o Odin Teatret, a convite do Lume. Em 1989, Iben convida Simioni a participar do primeiro encontro do Ponte dos Ventos. Aí se estabelece entre os dois um forte vínculo profissional e pessoal que só fez se estreitar ao longo dos anos.
 
III
Teatro Poeira e Odin Teatret
Em dezembro de 2010, a atriz Julia Varley faz uma série de demonstrações de trabalho no Teatro Poeira, nos mesmos dias em que Barba conduz um seminário teórico junto de Aderbal.
Em janeiro de 2012, a atriz Roberta Carreri conduz uma oficina no Teatro Poeira, onde também dá uma palestra e faz o lançamento nacional de seu livro Rastros: treinamento e história de uma atriz do Odin Teatret.
Pensando na continuidade destas ações, era interessante levar a atriz Iben Nagel Rasmussen ao Teatro Poeira, em janeiro de 2013, para conduzir outra oficina, apresentar um trabalho e conversar com o público carioca. Como Iben não conduz mais oficinas sozinha, era preciso definir quem poderia ser seu parceiro neste projeto.
 
IV
Teatro Poeira e Lume Teatro
Carlos Simioni foi um dos primeiros artistas convidados pelo Teatro Poeira para participar do Programa Ponte Aérea, que foi o trampolim para o Projeto Puentes. Por que não voltar agora ao Poeira, junto de Iben, sua mestra, com A Ponte dos Ventos??
 
 
Patricia Furtado de Mendonça
 
dia 07 – segunda-feira
das 21h00 às 22h00: apresentação de Branca como o Jasmin, demonstração de trabalho/concerto vocal de Iben Nagel Rasmussen
 
dia 08 – terça-feira
das 10h00 às 14h00: oficina com Iben Nagel Rasmussen e Carlos Simioni
das 21h00 às 22h00: apresentação de Prisão para a Liberdade, demonstração de trabalho de Carlos Simioni
 
dia 09 – quarta-feira
das 10h00 às 14h00: oficina com Iben Nagel Rasmussen e Carlos Simioni
das 21h00 às 22h00: Encontro Público A Ponte dos Ventos, com Iben Nagel Rasmussen e Carlos Simioni. Mediação: Patricia Furtado de Mendonça.
 
dia 10 – quinta-feira
das 10h00 às 14h00: oficina com Iben Nagel Rasmussen e Carlos Simioni
 
dia 11 – sexta-feira
das 10h00 às 14h00: oficina com Iben Nagel Rasmussen e Carlos Simioni
 
 
Branca como o Jasmin
A atriz Iben Nagel Rasmussen evoca os espetáculos feitos pelo Odin Teatret de 1966 até os dias de hoje. Ela recorda e experimenta as várias mudanças vividas por sua voz, desde a "sala fechada" (que deixa os atores expressarem seu mundo interior) e os espetáculos de rua (o encontro com o mundo exterior) até o espaço criado pelas palavras através de seus significados e sonoridades.
 
Prisão para a Liberdade
A demonstração técnica aborda a trajetória do ator fundador do LUME, Carlos Simioni, e as pesquisas do grupo. Abrange o treinamento físico cotidiano, a construção de técnicas de expansão e dilatação do corpo no tempo e espaço, as técnicas de manipulação de diferentes qualidades de energias, além do treinamento vocal do ator.  Aborda o encontro com outros mestres de linhas de trabalho e sua assimilação, bem como a passagem do treinamento para a elaboração de figuras e construção de cenas. Também é levantada a questão de como a técnica pode se tornar uma prisão para o ator, e a descoberta de como ela pode ser um trampolim para a transcendência de seu trabalho.
 
Encontro Público: A Ponte dos Ventos
Neste encontro, Carlos Simioni e Iben Nagel Rasmussen confrontarão suas histórias profissionais através do Odin Teatret e do Lume Teatro, além de falar de sua trajetória comum com A Ponte dos Ventos (treinamento e espetáculos pelo mundo), mostrando vídeos e compartilhando vivências sobre o ofício do ator. O encontro será mediado por Patricia Furtado de Mendonça. Ao final, eles responderão às perguntas do público.
 
 
A Ponte dos Ventos
o canto do corpo e as raízes da voz
 
 
Durante as 16 horas de oficina conjunta, Carlos Simioni e Iben Nagel Rasmussen compartilharão com os participantes suas técnicas pessoais de treinamento de ator, como em uma viagem através de exercícios feitos pelos atores do Odin Teatret, do Lume Teatro e do Ponte dos Ventos.
 
Como diferentes tipos de exercícios físicos geram diferentes tipos de energia
 
1) Treinamento Físico: os atores irão trabalhar com alguns dos exercícios que durante os últimos vinte anos foram elaborados e praticados com o grupo A Ponte dos Ventos, como: samurai, fora de equilíbrio, verde, dança dos ventos, construção da presença física e expansão das energias do ator. Serão utilizados bastões e faixas.
2) Cada participante criará uma própria partitura de ações físicas que, em seguida, será colocada em relação às partituras de ações físicas dos outros participantes.
 
Como a voz pode atuar e interferir no espaço
3) Treinamento Vocal: os atores irão trabalhar a estrutura física da voz a partir dos ressonadores corporais.
4) Criarão partituras de ações vocais, sequências musicais e sonoras.
 
Juntos, os atores montarão as várias "histórias" criadas durante a oficina. O trabalho dos 4 dias culminará com uma estrutura de ações físicas e vocais: "um mini-espetáculo".

Etude de La Lavandière de Etienne Decroux par Thomas Leabhart