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O diretor Kleber Mendonça Filho (dir). ao receber o prêmio de melhor longa-metragem de ficção por "O Som ao Redor", no Festival do Rio 2012 |
O cineasta pernambucano Kléber Mendonça
Filho, diretor de "O Som ao Redor", disse que a empresa Globo Filmes
faz mal à ideia de cultura no Brasil e atrofia o conceito de diversidade no
cinema brasileira. A crítica é uma resposta à ironia de Cadu Rodrigues,
diretor-executivo da distribuidora, que desafiou o diretor a alcançar
200 mil espectadores com filme apoiado pela Globo Filmes.
"O sistema Globo
Filmes adestra um público cada vez mais dopado para reagir a um cinema
institucional e morto", escreveu Kléber na noite desta quarta (20), na
página do Facebook de "O Som ao Redor".
Em uma entrevista
publicada pela "Folha de
S.Paulo" no último domingo (17), Kléber afirmou: "Se meu
vizinho lançar o vídeo do churrasco dele no esquema da Globo Filmes, ele fará
200 mil espectadores no primeiro final de semana". Depois da crítica feita
por Kléber, Cadu Rodrigues propôs: "Desafio o cineasta Kleber Mendonça
Filho a produzir e dirigir um filme e fazer 200 mil espectadores com todo o
apoio da Globo Filmes! Se fizer, nada do nosso trabalho será cobrado do filme
dele. Se não fizer os 200 mil, assume publicamente que, como diretor, ele
talvez seja um bom crítico", afirmou Rodrigues, em uma lista de e-mails de
cineastas.
À
reportagem da Folha, Kléber havia afirmado que o esquema de distribuição
montado pela Globo Filmes possibilita que qualquer produção, independente da
qualidade, alcance um grande público. "São filmes feitos com muita grana e
lançados com muita grana. Gastam R$ 6 milhões mas parecem ter custado R$ 800
mil porque têm dois apartamentos, quatro atores da Globo, um cachorro e um
gato", disse Kléber.
Aclamado pela crítica nacional e estrangeira,
"O Som ao Redor", que custou R$ 1,8 milhão, foi visto por 72 mil
pessoas em sete semanas de exibição.
Depois da resposta de Cadu, Kléber, que
chegou nesta quarta a Istambul, onde "O Som ao Redor" será exibido,
agradeceu o desafio e afirmou que não concorda com a proposta. "Preciso
lhe agradecer pelo desafio, mas sua proposta associa a não obtenção de uma meta
comercial (200 mil espectadores) como prova irrefutável de que eu não seria um
cineasta. Isso não me parece correto, pois o valor de um filme, ou de um
artista, não deveria residir única e exclusivamente nos números", escreveu
no Facebook.
O cineasta conclui sua mensagem com um
contra-desafio: "Devolvo eu um outro desafio: Que a Globo Filmes, com todo
o seu alcance e poder de comunicação, com a competência dos que a fazem,
invista em pelo menos três projetos por ano que tenham a pretensão de ir além,
projetos que não sumam do radar da cultura depois de três ou quatro meses
cumprindo a meta de atrair alguns milhões de espectadores que não sabem nem
exatamente o porquê de terem ido ver aquilo. Esse desafio visa a descoberta de
novos nomes que estão disponíveis, nomes jovens e não tão jovens que fariam
belos filmes brasileiros que pudessem ser bem vistos, se o interesse de
descoberta existisse de membro tão forte da cadeia midiática nesse país, e
cujos produtos comerciais também trabalham com incentivos públicos que
realizadores autorais utilizam".
Foto: André Muzell e Roberto
Filho/AgNews
Fonte: http://cinema.uol.com.br/noticias/redacao/2013/02/20/diretor-de-o-som-ao-redor-diz-que-globo-filmes-atrofia-diversidade-no-cinema-brasileiro.htm
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