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terça-feira, 18 de novembro de 2014

O filósofo, Leandro Konder morreu aos 78 anos

Um dos principais divulgadores da filosofia marxista no Brasil, Konder nasceu em 3 de janeiro de 1936, em Petrópolis, região Serrana do Rio de Janeiro. Foi professor titular do Departamento de Educação da Pontifícia Universidade Católica no Rio de Janeiro (Puc-Rio) e do departamento de História da Universidade Federal Fluminense (UFF). O filósofo era filho do líder comunista Valério Konder, ex-líder do PCB, e irmão do jornalista Rodolfo Konder, falecido em maio deste ano.

Aos 14 anos, inspirado pela posição política do pai, Leandro Konder ingressou na União Juventude Comunista. Aos 15 anos, foi preso pela primeira vez. Leandro Konder chegou a ser preso e torturado durante a ditadura militar, quando defendeu causas trabalhistas, associações sindicais e se envolveu com militantes e movimentos sociais. O filósofo ficou preso junto com o jornalista Vladimir Herzog. Ele foi o primeiro a denunciar, ainda naquela época, que Herzog havia sido assassinado pelos torturadores da ditadura.
 
Konder foi autor de 21 livros e tem uma vasta produção em conferências, artigos de jornais, ensaios e ficção. Foi eleito, em 2002 o Intelectual do Ano pelo Fórum do Rio de Janeiro da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). É autor de “Introdução ao Fascismo”, “As ideias Socialistas no Brasil, “O que é dialética” e “O futuro da filosofia práxis”. Segundo as próprias palavras do filósofo, ele nunca seguiu os conselhos do pai que dizia que ele poderia “falar as besteiras que quisesse”, mas jamais escrevê-las.
 
Coordenou, em conjunto com Michael Löwy, a coleção Marxismo e Literatura da Boitempo Editorial. Em nota a Editora homenageou Konder definindo-o como “um ser humano extraordinário” e “acima de tudo, um amigo e companheiro de lutas”. Pela Boitempo, Konder publicou livros como “Em torno de Marz”, “As artes da palavra” e “Sobre o amor.
Konder pode ser chamado de “inquieto intelectual”. Durante 15 anos participou de um grupo de intelectuais chamado “Os Comuníadas”, uma alusão a “Os Lusíadas”, de Camões, e a palavra comunista. O grupo contava com participantes ilustres como Ferreira Gullar, Sergio Cabral, Milton Temer.
 
Sempre envolvido com política, Leandro Konder foi militante do PCB e do PT e fundador número 101 do Psol. 
 
Konder contou sua vida na autobiografia “Memórias de um intelectual Comunista”. Publicado em 2008, pela editora Civilização Brasileira, o livro reúne anotações pessoais do filósofo desde quando ele tinha 14 anos.
 
Leandro Konder deixa um filho, Carlos Nelson, de 37 anos; a viúva Cristina, com quem foi casado por 38 anos e a enteada Marcela.
 
Despedidas
 
O falecimento de Leandro Konder na quarta-feira comoveu diversos intelectuais e políticos. A Fundação Biblioteca Nacional (FBN) publicou em seu site uma nota de pesar pela morte do filósofo. Na nota, de autoria de Renato Lessa, presidente da FBN, Leandro Konder é chamado de “figura modelar, sempre fiel a seu enredo e horizonte político e intelectual” e que “foi um exemplo do que se pode ser a convivência civilizada com o diverso. Não por mera gentileza, mas pelo respeito à variedade de direções que a inteligência pode assumir”.
 
Destacando as qualidades do filósofo, a nota conclui: “a Biblioteca Nacional, por intermédio de seu presidente, manifesta se profundo pesar pela perda desse grande brasileiro”.
 
 
 
 
 
 
 
 

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