Páginas

domingo, 21 de julho de 2013

A ETE de Teatro Martins Penna apresenta: "UM INSTANTE QUE DESAPARECEU", coletânia de contos de Gabriel García Márquez

Atores utilizam contos de Gabriel García Márquez para contar suas próprias histórias. O espetáculo propõe uma reflexão sobre identidade e memória, numa dramaturgia que faz um ponto de interseção entre a narrativa biográfica dos atores e da ficção. Este trabalho marca a estreia de Carolina Virgüez como diretora e conta com cenário e figurino de Daniele Geammal e iluminação de Renato Machado.

O elenco é composto alunos-atores formandos da Escola Técnica Estadual de Teatro Martins Pena.

Sábado às 20:00
Domingo às 19:00

90 min

De 21/07/2013 Até 15/09/2013

Rua Vinte de Abril, 14 - Centro. Teatro Armando Costa - ETET Martins Pena

Classificação: 12 anos



...

Crítica do espetáculo "UM INSTANTE QUE DESAPARECEU" da ETET Martins Penna escrita pela revista eletrônica de críticas e estudos teatrais "Questão de Crítica". 

Da vontade de falar de si à confissão inventada

Crítica do espetáculo Um instante que desapareceu, com direção de Carolina Virguez, da Escola de Teatro Martins Pena
Foto: Divulgação.
Nas peças de conclusão de curso das escolas de teatro, pode-se dizer que os atores têm o principal trabalho para mostrar o que aprenderam ao longo do período de estudo. É comum que as turmas sejam numerosas e os atores estejam envolvidos nesta sensação de início de carreira, final da escola – emoções comuns de peças de formatura. Outra característica constante destas montagens são os textos densos, com personagens envelhecidos, cheios de passado, interpretados por jovens, meninos, que agarram de forma corajosa a tentativa de pôr na boca experiências de uma vida ausente neles. Estes personagens “clássicos”, “históricos”, “que todo ator bom quer fazer” são fantasmas nas costas dos atores recém-formados, que se lançam na busca por uma convincente “construção”.
A história do ator sofreu grandes transformações no século XX. Dentre a multiplicação dos métodos, das técnicas, dos encenadores e suas propostas de trabalho de ator, Brecht é fundamental para a formação da dicotomia que se mantém nos palcos até hoje. Sem fazer um aprofundamento justo ao tema, os atores decidem se no espetáculo serão ou não por um eu-ator visível em cena, ou seja, um ator que se deixa ver como tal, ou um ator desaparecido por detrás dos contornos do personagem. Novos atores. Outras gerações. A interpretação é o recurso formativo que o ator tem para mostrar seu pensamento e crítica sobre seu ofício, dizer a que conjunto/geração de atores pertence.
Tão importante quanto o desdobramento das técnicas de interpretação, o aparecimento na dramaturgia de formas que priorizam o discurso do eu – como a “dramaturgia do eu”, pensada por Peter Szondi a partir de textos de Strindberg, e apontada pelo mesmo como um princípio da autobiografia no teatro – e relatos sobre o real – como no Teatro Documentário, que se apropria de fontes verdadeiras para elaborar o discurso contido no texto – também propõe ao ator um novo olhar sobre a maneira de se pôr em cena. Nestas abordagens textuais, geralmente, o registro interpretativo se motiva na ideia de testemunho, com um eu que fala em primeira pessoa de si mesmo, ou, com uma fala próxima da confissão, numa experiência de “dizer a verdade”. Por isso, se comparados a outros métodos, o público pode pensar que o ator não está “interpretando”.
Retorno às formaturas. O que levaria um ator a optar, depois de dois anos de estudo, por uma peça de final de curso “não-interpretada”? Não apenas um ator, mas uma turma? Aparentemente as peças de formatura servem também para provar que se “aprendeu” a interpretar e, por conta disso, autores e personagens consagrados dominam estas montagens. Claro que esta pergunta não é das melhores, mas ajuda a pensar em novos atores, novas gerações. Este ano, dentre as diversas peças de formatura a que assisti, apenas duas traziam atores atuando “de verdade”, para usar o termo de Óscar Conargo. A primeira foi Só não viu quem não quis, peça de formatura da diretora Isadora Malta, do curso de Direção Teatral da UFRJ. Esta peça, entretanto, além de ser formatura de uma aluna de direção, é feita pelos membros da Realizadora Miúda, um núcleo de pesquisa em artes (como se auto definem) que já têm uma pesquisa estética e de linguagem iniciada em outros trabalhos. A segunda peça, de interesse desta crítica, é Um instante que desapareceu, dos alunos formandos do primeiro semestre de 2013 do curso de atores da Escola de Teatro Martins Pena.
É muito importante dizer que na Martins quem escolhe o diretor (dentro do corpo docente da escola) da última peça são os alunos. E esta escolha diz bastante sobre a turma. Não são alunos em processos individuais, mas um grupo de atores, que juntos, optam pelo diretor que lhes interessa como coletivo. Existe uma autonomia, uma condição para a criação atorial que precede a cena, e se as turmas serão, em pouco tempo, as novas gerações de atores, a Martins permite e incentiva que as especificidades comecem a ser criadas dentro de seus muros. A grande diferença de um ator com formação em escolas de teatro é exatamente esta, o pensamento como iniciador da prática.
A escolha da turma em questão foi por Carolina Virguez. No final de 2011 Virguez encenou o monólogo Susuné – contos de mulheres negras, no qual ficção e memória pessoal constroem a dramaturgia que tem como base contos da colombiana Amalialú Posso Figueroa. Passagens da vida da atriz mesclam-se com as das personagens e a interpretação fica num entre “confissão” e “construção”, um híbrido de biografia e ficção (esta que parte da literatura não dramática). Dois fatos interessam nesta escolha: primeiro, o teatro contemporâneo carioca vem produzindo há algum tempo peças de cunho autobiográfico, nas quais atores muito confessam, mas nada dizem. Afinal, a biografia não é m gênero que valha por si só, a vida de todo mundo não dá um livro. O trabalho de Carolina Virguez tem uma apropriação e desenvolvimento da forma dramatúrgica que não se vale de egomania e de modismo para se sustentar. Se esses atores gostariam de falar de si, fizeram uma escolha inteligente; segundo, eles escolheram uma atriz, sim, porque esta foi a primeira direção de Virguez. É bonito quando uma turma de atores escolhe uma atriz para acompanha-los no final de um ciclo de estudos, mas é principalmente evidência de que eles sabem dos caminhos que escolheram.
A dramaturgia de Um instante que desapareceu fala das experiências de vida dos atores costurados a contos de Gabriel Garcia Marquez, ou, de contos do autor colombiano adaptados às experiências de vida dos atores. As fronteiras entre o que é ficção e realidade são questionadas, são invadidas, talvez seja esta uma característica própria da biografia nesse nosso tempo. Isto cria, neste tipo de interpretação confessional, uma fratura. Quando a fala não parte de premissas reais, ficcionaliza-se a confissão, e isto é perceptível ao olhar do espectador. Porém, o espectador pode topar acreditar na verdade da ficção. Só que aqui, em vez de ser uma ficção do começo ao fim, na qual se acredita, é uma ficção com rastros biográficos, e isto causa uma estranheza, um descompasso. Eles não estão mentindo quando dizem coisas sobre si que não ocorreram, mas estão revelando o jogo, esfumaçando os limites dos gêneros, problematizando-os.
Não se trata dos atores interpretarem apenas a si mesmos, mas através dos personagens deixarem-se ver em primeira pessoa. Neste sentido, apesar dos contos escolhidos não condizerem com as vidas dos atores, eles tratam de temas que formam um vocabulário coral, de um eu-coletivo. Nesta biografia de todo mundo, tem pai, mãe, avó, irmão, mas tem também medo de morrer, medo de ficar maluco, encantamento com a beleza, amor romântico. E é disso que tratam os contos. De uma biografia coletiva possível para jovens que na pouca idade não viveram todas aquelas histórias, mas no teatro podem falseá-las e experienciá-las como verdade. A busca por um relato verdadeiro se transforma na busca por uma experiência com a qual se possa identificar. Todos esses temas fazem parte de um imaginário de juventude. Que inclui imaginar como deve ser morrer. A peça tem um tom poético, com músicas cantadas pelos atores com cumplicidade. O conforto que o elenco apresenta ao estar em cena tem a ver com esta ausência de uma história inviável, personagens impossíveis. Este é um bom jeito de deixar a escola, sabendo falar de si, sem cair no vazio. Enfim, artistas falam de si, há um quê de biográfico em qualquer produção.
Por fim, vale mencionar que a peça é encenada num corredor, uma passarela. E uma passarela não é um lugar de confissão, e sim de exibição. É um paradoxo. Não tem uma cadeira, clichê do testemunho. Os atores desfilam suas falas de maneira muito sutil, sem glamour, sem supervalorização, coerente com o material da passarela, aquele assoalho de ônibus, bem banal. Contudo, ainda é uma confissão deslocada. Óscar Cornargo, em seu artigo intitulado Atuar “de verdade” – a confissão como estratégia cênica diz que:
Somente uma coisa fica clara, o caminho é através do outro, a confissão não faz sentido, não pode ter verdade, se não for através da confrontação com quem está em frente, uma necessidade de comunicação explícita [...]. (CONARGO: 2009, 107).
A passarela obriga o confronto. Os atores olham bem nos olhos do público. A confissão se dá por comunhão.
Um agradecimento
Gostaria de agradecer a Carolina Virguez, que no final do espetáculo, muito emocionada, disse a mim e a outros colaborados da revista que “fez o melhor que pode”, que era sua primeira direção, mas que outra turma já tinha a convidado para uma nova peça de formatura. Penso que seria o mínimo. Retribuo aqui os “obrigadas” que ouvi sem o menor motivo.
Referência bibliográfica:
CORNAGO, Óscar. Atuar “de verdade”. A confissão como estratégia cênica. In: Urdimento, Setembro: 2009 – N° 13.
Mariana Barcelos é atriz, estudante de Artes Cênicas – bacharelado com habilitação em Teoria do Teatro pela UNIRIO, e graduanda em Ciências Sociais da UFRJ.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Abaixo-assinado Carta aberta de professores e professoras da Faculdade de Educação da UFRJ ao Secretário de Educação do Governo do Rio de Janeiro, Sr. Wilson Risolia. Pedido de exoneração.


Para:Secretário de Educação do Governo do Rio de Janeiro


Carta aberta de professores e professoras da Faculdade de Educação da UFRJ ao Secretário de Educação do Governo do Rio de Janeiro, Sr. Wilson Risolia. Pedido de exoneração.

Ilmo. Secretário,

Na qualidade de professores e professoras, formadores dos futuros docentes da Educação Básica, vimos por meio desta manifestar nosso profundo descontentamento com a política educacional de nosso Estado. Trata-se de uma política que reputamos leviana e autoritária. Uma educação pública de qualidade não se constrói com bonificações, privatizações, perseguição e humilhação de professores, fechamento de unidades escolares, policiamento armado nas escolas, currículo e avaliação impostos de cima para baixo e péssimas condições de trabalho. Esta política irresponsável tem alcançado avanços medíocres em todos os índices educacionais. O Ensino Médio do Rio de Janeiro permanece abaixo da média nacional em todos os índices relevantes: matrícula, evasão e repetência. Em sua última ação arbitrária, o Sr. impõe um processo de certificação dos professores evidentemente inconstitucional, pois nenhum teste de proficiência pode servir como mecanismo de diferenciação salarial. Trata-se de mais um episódio absurdo dessa política que se ufana de tratar a escola pública como uma empresa, o que é contrário aos princípios pedagógicos mais óbvios, quando se trata de educação pública, de investimentos no cidadão e na cidadania, o que denuncia por si só seu caráter antirrepublicano e antidemocrático. Por tudo isto, nós, professores e professoras da Faculdade de Educação da UFRJ, lançamos esse abaixo-assinado pedindo a sua exoneração do cargo de Secretário de Educação do Estado do Rio de Janeiro, considerando que sua permanência compromete a plena escolarização de crianças, jovens e adultos de nosso Estado. O Sr. demonstrou, por diversas vezes, não estar preparado para esta função e sua continuidade à frente da Secretaria da Educação irá apenas perpetuar o descalabro em que se encontra a educação pública em nosso Estado.

Este abaixo assinado é uma iniciativa de professores da Faculdade de Educação da UFRJ:
Alessandra Nicodemos
Amilcar Pereira
Andrea Penteado
Anita Handfas
Cláudia Piccinini
Enio Serra
Filipe Ceppas
Julia Polessa
Roberto Marques
Rodrigo Batalha
Warley da Costa 

Os signatários


UFC abre seleção para professor de Artes Cênicas em Fortaleza

A Universidade Federal do Ceará (UFC) está com inscrições abertas para o cargo de professor. O prazo de inscrições encerram-se em 13 de agosto. 

SETOR DE ESTUDO DENOMINAÇÃO REGIME VAGA 

Teatro e Educação: Metodologias de Ensino do Teatro na Escola Assistente A 40 h/DE 01 

O candidato aprovado deverá comprovar, obrigatoriamente, até a data da posse, sob pena de anulação de sua inscrição e de todos os atos dela decorrentes, ser portador de título de mestre na área do concurso e de diploma de graduação para os setores de estudo: Teatro e Educação: Metodologias de Ensino do Teatro na Escola.

SETOR DE ESTUDO DIPLOMA DE GRADUAÇÃO 

Teatro e Educação: Metodologias de Ensino do Teatro na Escola Licenciatura em Teatro ou Licenciatura 
em Artes Cênicas ou Licenciatura em Educação Artística com habilitação em Teatro ou Artes Cênicas.

Mais detalhes, veja o Edital na íntegra 

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Programa de Patrocínio Banco do Brasil 2014

Programa Banco do Brasil de Patrocínios

Estão abertas as inscrições para o Programa Banco do Brasil de Patrocínios 2014, que é um processo seletivo realizado por meio de chamada pública e tem por objetivo definir parte da programação de projetos a serem apoiados pelo Banco do Brasil ao longo do ano.
As inscrições poderão ser feitas até o dia 30 de agosto.

Não será permitida a inscrição de projetos culturais destinados aos Centros Culturais do Banco do Brasil, sociais que se enquadrem nos programas da Fundação Banco do Brasil e demais vedações previstas no edital. O processo seletivo dos CCBBs será divulgado oportunamente.

Os patrocínios serão destinados à realização de eventos que ocorrerão entre 1º de março e 31 de dezembro de 2014.

Para maiores informações, leia o Edital.

terça-feira, 16 de julho de 2013

26º Prêmio Shell de Teatro 2013

Confira a relação dos indicados ao 26º Prêmio Shell de Teatro do Rio de Janeiro no 1º semestre:


O 26º Prêmio Shell de Teatro divulgou, nesta terça-feira (16), os indicados do primeiro semestre em São Paulo. Os do segundo semestre serão divulgados em dezembro. Todos concorrem ao troféu, que será entregue no começo de 2014.
A Categoria Especial mudou de nome. Agora, passa a se chamar Inovação. Nela, concorrem todos os espetáculos, textos, grupos ou profissionais de teatro que tenham apresentado trabalhos com propostas significativamente novas e criativas quanto à forma ou conteúdo.

A peça mais indicada do primeiro semestre é Cais ou da Indiferença das Embarcações, concorrendo a seis categorias.
Veja, abaixo, os indicados em São Paulo:
Autor
Cia Luna Lunera por Prazer
Kiko Marques por Cais ou da Indiferença das Embarcações
Direção
Kiko Marques por Cais ou da Indiferença das Embarcações
Leonardo Moreira por Ficção
Nelson Baskerville por As Estrelas Cadentes do Meu Céu São Feitas de Bombas do Inimigo
Ator
Mauricio de Barros por Cais ou da Indiferença das Embarcações
Thiago Amaral por Ficção
Atriz
Fernanda Azevedo por Morro Como um País – Cenas sobre a Violência de Estado
Luciana Paes por Ficção
Rosana Stavis por Árvores Abatidas ou para Luis Melo
Cenário
Chris Aizner por Cais ou da Indiferença das Embarcações
Ed Andrade por Prazer
Figurino
Chris Aizner por Cais ou da Indiferença das Embarcações
Fabio Namatame por Vingança – o Musical
Iluminação
Aline Santini e Nelson Baskerville por As Estrelas Cadentes do Meu Céu são Feitas de Bombas do Inimigo
Fran Barros por Universos
Música
Guilherme Terra por Vingança – o Musical
Umanto por Cais ou da Indiferença das Embarcações
Categoria Inovação
Os Fofos Encenam pela realização do projeto Baú da Arethuzza
Conselho gestor do CIT-Ecum pela realização plural de seu projeto artístico-pedagógico
Veja também os indicados no Rio:
AutorJulia Spadaccini por Aos Domingos
DireçãoIsabel Cavalcanti por Moi Lui
Rodrigo Portella por Uma História Oficial
AtorRicardo Blat por Arte da Comédia
Thelmo Fernandes por A Arte da Comédia
AtrizCamilla Amado por O Lugar Escuro
Suely Franco por As Mulheres de Grey Gardens- o Musical
CenárioAndré Sanches por Vestido de Noiva
Rogério Falcão por Como Vencer na Vida sem Fazer Força
FigurinoAntônio Guedes por O Médico e o Monstro
Marcelo Pies por Como Vencer na Vida sem Fazer Força
IluminaçãoRenato Machado por Vestido de Noiva
Tomás Ribas por Moi Lui
MúsicaGabriel Moura por Cabaré Dulcina
Rodrigo Penna por Edukators
Categoria InovaçãoMarcus Vinícius Faustini pelo conceito e proposta do Festival Home Theatre

Prêmio Cesgranrio de Teatro - Indicados do 1º semestre de 2013

Jurados: Bárbara Heliodora, Carolina Virguez, Daniel Schenker, Lionel Fischer, Macksen Luiz, Mirna Rubim, Tânia Brandão. 


Melhor Direção:

Charles Möeller("Como vencer na vida sem fazer força")
Sergio Módena("A arte da comédia")
Walter Lima Jr.("Répétition")
 

Melhor Ator:

Thelmo Fernandes("A arte da comédia")
Ricardo Blat("A arte da comédia")
 

Melhor Atriz:

Ana Kfouri("Moi Lui")
Camila Amado("Um lugar escuro")
Clarice Derzié Luz("À beira do abismo me cresceram asas")
 

Melhor Espetáculo:

"A arte da comédia"
"Como vencer na vida sem fazer força"
"Moi Lui"
 

Melhor Cenografia:

Bia Junqueira("As mulheres de Grey Gardens")
Rogério Falcão("Como vencer na vida sem fazer força")
Rui Cortez("Moi Lui")
 

Melhor Iluminação:

Tomás Ribas 
("Moi Lui")

Renato Machado("Vestido de noiva")
Luiz Paulo Nenen 
("As mulheres de Grey Gardens")

 

Melhor Figurino:

Marcelo Pies 
("Como vencer na vida sem fazer força")

Rita Murtinho 
("Emily")

Tanara Schornardie 
("Rock in Rio")

 

Melhor Texto Nacional Inédito:

Julia Spadaccini 
("Aos domingos")

Rodrigo Nogueira 
("O teatro é uma mulher")

 

Categoria Especial:

José Dias pelo lançamento do livro
"Teatros do Rio"

Lídia Kosovski pela curadoria da exposição
"A mão livre"
em homenagem a Luis Carlos Ripper


Melhor Direção Musical:

Délia Fischer("Rock in Rio")
João Bittencourt("Na bagunça do teu coração")
Paulo Nogueira("Como vencer na vida sem fazer força")
 

Melhor Ator em Musical:

André Loddi 
("Como vencer na vida sem fazer força")

Gregório Duvivier 
("Como vencer na vida sem fazer força")

Icaro Silva 
("Rock in Rio")

 

Melhor Atriz em Musical:

Adriana Garambone 
("Como vencer na vida sem fazer força")

Lucinha Lins 
("Rock in Rio")

Suely Franco 
("As mulheres de Grey Gardens")

sábado, 13 de julho de 2013

Theatro Municipal celebra 104 anos com programação especial

Neste domingo (14), teatro terá concertos, balés e ópera com entrada gratuita.


Neste domingo (14), o Theatro Municipal do Rio de Janeiro comemora seus 104 anos com uma programação variada e gratuita. A festa já é uma tradição no calendário cultural da cidade e reúne atrações dos três corpos estáveis do teatro: balé, coro e orquestra sinfônica. Haverá ainda apresentações da Banda de Fuzileiros Navais, do grupo Os Pequenos Mozart e de alunos da Escola Estadual de Dança Maria Olenewa, além de palestra do projeto Falando de Ópera.


A programação começa às 8h30 com apresentação da Banda de Fuzileiros Navais, na praça em frente ao Theatro Municipal e nos seus arredores. Na sequência, às 9h30, é a vez do concerto do grupo Os Pequenos Mozart, formado por crianças de 3 a 14 anos, sob a direção artística de Suray Soren. O repertório inclui obras de compositores clássicos e populares, que vão de Mozart e Vivaldi, a Pixinguinha e Beatles. Às 10h30, os alunos da Escola Estadual de Dança Maria Olenewa sobem ao palco para apresentar duas coreografias: Estudos de Dança, com músicas de Strauss e Lumbye e coreografia de Dalal Achcar, e La Bayadère (Suite do Pas D'Action), com música de Minkus e coreografia de Marius Petipa.


Ao meio-dia, o balé e a orquestra sinfônica do Theatro Minucipal apresentam o terceiro ato de O Lago dos Cisnes, que retrata o Cisne Negro. No papel do Cisne, a primeira bailarina Márcia Jaqueline, contracenando com Filipe Moreira, intérprete do Príncipe Siegfried. O Coro do Theatro Municipal sobe ao palco às 14h para apresentar a famosa cantata de Carl Orff, Carmina Burana. A execução terá a regência de Jésus Figueiredo e, como solistas, o soprano Priscila Duarte, o tenor Jacques Rocha e o barítono Leonardo Páscoa.


O programa segue com o projeto Falando de Ópera, às 17h15, com uma palestra do maestro Silvio Viegas sobre a ópera A Valquíria, na qual será contada a história de uma das obras-primas de Wagner e aborda detalhes da montagem que será encenada a seguir, às 18h.

O Theatro Municipal fica na Praça Floriano, s/nº, no Centro. Todas as atrações são gratuitas.

Veja a programação completa:

8h30 - Banda dos Fuzileiros Navais


9h30 - Os Pequenos Mozart - Escadaria do Foyer
• Concerto com composições de Mozart, Vivaldi, Pixinguinha, Brahms e Beatles


10h30 - Escola Estadual de Dança Maria Olenewa
• Estudos de Dança, de Strauss e Lumbye - Coreografia Dalal Achcar
• La Bayadère (Suite do Pas D'Action), de Minkus – Coreografia Marius Petipa


12h – Ballet do Theatro Municipal
• O Lago dos Cisnes, de Tchaikovsky (Ato III) - Coreografia Yelena Pankova

14h – Coro do Theatro Municipal
• Carmina Burana, de Carl Orff

17h15 – Projeto Falando de Ópera
• Palestra com o Maestro Silvio Viegas sobre A Valquíria, de Wagner

18h – Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal e solistas
• Ópera A Valquíria, de Wagner

terça-feira, 2 de julho de 2013

Os Construtores de Império ou O Schmurz, de Boris Vian

Cartaz da prova final de interpretação da "Etapa III". Turma de interpretação do primeiro semestre do "Curso Técnico de Arte Dramática", da Escola Técnica Estadual de Teatro Martins Pena.



Bya Braga fala sobre obra de Étienne Decroux e coloca em cena reflexões sobre o trabalho do ator contemporâneo

Livro de Bya Braga traz reflexões sobre trabalho do ator contemporâneo

Pesquisadora fala sobre obra de Étienne Decroux e coloca em cena reflexões sobre o trabalho do ator contemporâneo

Definido pelo teatrólogo Patrice Pavis como um pensador do corpo, o francês Étienne Decroux ainda é um nome relativamente desconhecido nos estudos de artes cênicas no Brasil. O fundador da Mímica corporal dramática, ao longo de mais de 60 anos, desenvolveu pesquisa ligada à arte do ator. Foram as ideias ligadas ao fazer teatral e sobretudo à postura do artista do palco que seduziram a atriz e pesquisadora Bya Braga. Além de terem sido postas em práticas em oficinas no Brasil e exterior, as teorias de Decroux foram esmiuçadas no doutorado que deu origem ao livro Étienne Decroux e a artesania de ator: caminhadas para sabedoria, lançamento da Editora UFMG, cujo prefácio é assinado por Pavis. Bya Braga lembra Manoel de Barros (“repetir, repetir, até ficar diferente”) ao descrever a Mímica corporal dramática. Segundo a autora, trata-se de uma prática sistemática de movimentos cênicos. “Esta arte é uma experiência artesã, cujo corpo é o material primordial a ser tocado, cuja vida do artista precisa estar disponível a ser metamorfoseada”, define. Leia trechos da entrevista de Bya Braga ao Pensar.

O que distanciou durante tanto tempo as ideias de Decroux e a Mímica corporal dramática dos estudos sobre artes cênicas no Brasil? 

Existem muitas maneiras de fazer e pensar o teatro. Decroux propôs seu modo teatral distinto, que se sustenta em alguns pilares, que são, por exemplo: “o teatro é a arte de ator”, “o ator é o artista do desenho”, “o corpo do mimo-ator é o tronco”. Estas bases falam de seu pensamento artístico, que demanda um intenso compromisso do artista com o seu fazer, bem como um alto investimento em determinados procedimentos que não se aprendem da noite para o dia. Ser ator, para Decroux, significa fazer uma ação que também demanda uma compreensão ética deste fazer. Por outro lado, existe uma defesa de Decroux a favor de um modo teatral que não passe necessariamente pela atuação realista naturalista, ou seja, que possa ser, como ele mesmo diz, uma maneira diferente de atuar, cujo corpo do ator seja o centro da expressividade e da oferta de convívio com o público. Não é preciso contar uma história com o teatro proposto por ele, ainda que a ficção exista e que a realidade, as ações humanas, como um ato de lavar roupa ou de trabalhar numa carpintaria, possam ser o suporte inicial da criação. Um teatro que se apresente deste modo pode não ser entendido como teatro e sabemos que existem ainda muitas pessoas saudosas de poéticas de gênero... No entanto, Decroux nos lança questões importantíssimas que mexem com a própria cultura teatral, especialmente a dita profissional.

Qual a maior contribuição da Mímica corporal dramática para a prática da atuação teatral nos dias de hoje? 

Um dos aspectos mais difíceis para viver a atuação teatral hoje talvez seja exercitar o convívio, seja entre os artistas, seja na relação dos artistas com o público, de modo a fazê-lo, inclusive, em bases menos competitivas, mais integradoras, solidárias, que possam mais partilhar uma experiência do que impor algo para ser visto. Decroux revelava alto compromisso com o seu trabalho e era respeitado por isso. As pessoas que conviviam com ele revelavam uma entrega artística e humana surpreendente ao trabalho que ele propunha. Havia um entendimento do investimento feito por Decroux em sua pesquisa artística e sua contínua experiência pedagógica, além de uma compreensão de que a escola de ator que ele propunha era algo diferente. Nela a arte estava em primeiro lugar, não o artista. As ambições profissionais de quem ali chegava eram profundamente questionadas, revelando uma visão do teatro de modo mais ampliado do que a constituição de uma empresa teatral. Havia uma ênfase forte na noção do teatro como um modo de existência, como maneira de ter uma atitude alternativa diante da vida. Este valor ético é, para mim, fundamental na proposta de Decroux, mas é inegável que sua proposta artística seja também inovadora. Decroux convida, por meio do que criou, a estabelecermos um trabalho teatral de grande disciplina e sem pressa. Hoje há muita pressa para fazer teatro, muita pressa para se tornar ator e já querer criar uma logomarca de seu grupo. Com pressa não se consegue autoconhecimento nem um aprimoramento na relação com os materiais de trabalho de modo a fazer algo realmente diferenciado do que o cinema e a TV apresentam como atuação. 

O que define, na prática, a Mímica corporal dramática? 

Lembro aqui o poeta Manoel de Barros: “Repetir, repetir, até ficar diferente”. Trata-se de uma arte que demanda muito treinamento físico e intelectual, pois você pratica uma sistematização de movimentos cênicos, estuda ações humanas que podem ser oriundas do fazer cotidiano, podendo transformá-las ao ponto de elas não mais serem totalmente reconhecidas assim. A mímica corporal é um modo de treinamento sofisticado de atuação, que convida o ator não a ser somente “profissional”, a ser uma logomarca, mas a existir. A mímica corporal utilizou bases da cultura cênica ocidental como a pantomima e o balé e criou outra perspectiva de trabalho e de expressão cênica. 

Por que falar em artesania do ator? 

 A atitude artesã, para mim, no sentido em que trato artesania, é uma ação que visa à emancipação do indivíduo e não está focada ou restrita na ação para a fabricação de um produto. O ator contemporâneo merece pensar na possibilidade de seu fazer ser um ato emancipatório, com radical experiência criadora, para a qual ele revela coragem de trabalhar sobre si mesmo e promover transformações de sua existência. Fazer algo benfeito deveria ser uma atitude primordial ao ator contemporâneo. Não se distanciar da cultura material, ter prazer na relação com o material (corpo-pensamento-emoção), colocar em segundo plano a disputa de poder, o dinheiro e a profissionalização em razão disso, bem, é que desejo ao ator contemporâneo. Mas existem atores contemporâneos que não são senhores de si, que possuem muita pressa e ambição pautadas na ideologia do sucesso, cujas habilidades artísticas são questionáveis, mesmo que a arte hoje tenha rompido fronteiras e territórios. Falo de artesania de ator, portanto, para dizer da qualidade de atenção que o ator empresta à sua ação, podendo, sim, se divertir com ela, ter prazer nesta lida cheia de nódoas.

Acredita que a Mímica corporal dramática e outras ideias presentes na obra de Étiene Decroux podem contribuir para o desenvolvimento de outras áreas artísticas? 

É claro que sim. Mas prefiro ouvir as outras artes sobre este assunto... Por isso também compus um livro que conversa com a mímica corporal, que caminha com ela, sendo este um outro modo de fazer teatro, ou seja, praticando uma arte cênica e escrevendo. O livro lança informações, reflexões e também desejos, apresenta alguns aspectos históricos da mímica corporal e também testemunha vivências com ela. Da prática cênica surge o livro e agora ele quer voltar à prática. A atriz que sou quer colaborar para que traços da mímica corporal possam ser compartilhados, seja diretamente por meio dela, seja por meio de outros atores. As outras artes, se quiserem se aproximar, são bem-vindas. E no convívio outras "criaturas" poderão surgir... outras artes... Alguns poderão dizer: isso não é teatro, você não faz teatro. Mas isso não mais importa. Não se deve assustar. Se for preciso afirmar, bem, é teatro. Mas o mais instigante é viver.

---

Étienne Decroux e a artesania de ator: caminhadas para a soberania
• De Bya Braga
• Editora UFMG, 516 páginas, R$ 76

---

Fonte: