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terça-feira, 8 de outubro de 2013

Galpão no Rio de Janeiro! 'Os Gigantes da Montanha'


Na próxima semana, o espetáculo 'Os Gigantes da Montanha' 

(Direção de Gabriel Villela) 
Estreia no Rio de Janeiro. 


Programa-se! 



SERVIÇO:



10 a 13 de outubro

quinta a sábado - 19h e domingo – 18h 
Monumento aos Pracinhas
(Aterro do Flamengo / Avenida Infante Dom Henrique, 75 – Glória)
*Acesso gratuito com estacionamento no local

Classificação: livre
Duração: 80 minutos
Gênero: Fábula trágica
Acesso Gratuito







...

Carta do Eduardo Moreira, do Grupo Galpão, sobre a polêmica da cobrança do espaço para fazerem o espetáculo no Aterro.


por Eduardo Moreira 18 de outubro, 2013

"O Grupo Galpão acabou de estrear no Rio de Janeiro, com grande sucesso e repercussão, seu último espetáculo “Os Gigantes da Montanha”, de Luigi Pirandello, com direção de Gabriel Villela.

As quatro apresentações realizadas em frente ao Monumento aos Pracinhas Brasileiros Mortos na Segunda Guerra Mundial, no Aterro do Flamengo, reuniram 10 mil espectadores, de quinta a domingo.

Além da repercussão na imprensa em geral, o Galpão recebeu inúmeras manifestações e mensagens saudando a parceria com Gabriel Villela, um marco para o teatro brasileiro, desde a montagem de “Romeu & Julieta”, em 1992.

Entre as muitas saudações e críticas positivas de “Os Gigantes da Montanha”, pipocaram também manifestações de protesto e de solidariedade ao grupo, pelas dificuldades que tivemos em conseguir um espaço público que comportasse nossas apresentações no Rio.

De fato, como já havia sido revelado em nosso blog, todas as tentativas de liberação dos espaços inicialmente selecionados – parque dos Patins (na Lagoa Rodrigo de Freitas), praia do Leme e praça Quinze – deram com os burros n’água. As justificativas foram impedimentos legais e ocupações previamente agendadas.

Se não podemos falar em dificuldades intencionalmente criadas pelo poder público, é certo que as iniciativas de apoio também não existiram. Esgotadas as primeiras possibilidades, outros espaços foram cogitados: Lapa, Fundição Progresso, Cinelândia e a praça do Centro Cultural dos Correios.

Novamente diante das dificuldades de liberações, nos vimos sem tempo hábil para organizar a produção do evento, inicialmente programado para final do mês de agosto. Foi quando, no final de julho, surgiu a possibilidade de conseguirmos o espaço do Monumento dos Pracinhas. O local era perfeito e já havia sido cogitado pelo próprio grupo para as apresentações da remontagem de “Romeu & Julieta”, realizadas no Rio, em 2012. O monumento, assim como toda a área do Aterro do Flamengo, é considerado de jurisdição federal. No caso específico dos Pracinhas, o espaço é controlado pelo Ministério do Exército.

Diante das dificuldades de encontrar outro lugar e das excepcionais condições oferecidas pelo Monumento para a montagem do espetáculo e a acomodação do público, firmamos um contrato com a administração do monumento. Nesse contrato ficou acertado que, pelo pagamento do valor de R$ 18.000 (dezoito mil reais), poderíamos dispor do espaço externo e das escadarias do monumento por quatro dias (10, 11, 12 e 13 de outubro), além de suas dependências internas, utilizadas como camarim e depósito de objetos de cena e figurinos nos dias de apresentação.

É bom que se esclareça que o contrato e o pagamento foram exemplarmente acertados e cumpridos entre ambas as partes, sendo que o Galpão só tem elogios ao tratamento que recebeu tanto da direção quanto dos funcionários do monumento.

O combinado não sai caro e a assinatura do contrato com a direção do monumento foi uma opção conscientemente tomada pelo Galpão e está fora de discussão. O que precisa ser matéria de reflexão são as dificuldades cada vez maiores que vêm sendo apresentadas para a realização de qualquer evento cultural em espaços públicos. Os entraves burocráticos, as cobranças de taxas e outras exigências legais estão tornando inviáveis as apresentações de teatro de rua.


E isso não é exclusividade da cidade do Rio de Janeiro. Em Belo Horizonte, a utilização das encostas da Praça do Papa ficou condicionada à exigência da Fundação de Parques e Jardins de custearmos um possível replantio de sua grama, além de um complexo processo de aprovação do evento, agravado pela proximidade da Copa das Confederações. A isso tudo, soma-se a exigência de aprovação de croquis de mapas de cenários, gradeamento, banheiros químicos, limpeza urbana, ambulâncias, ARTs, etc.. No Rio, quando tudo parecia finalmente arranjado, surgiu de última hora a cobrança, pelo Ministério da Fazenda (esfera federal), de uma taxa por metro quadrado ocupado pelo cenário da peça e pelas quinhentas cadeiras disponíveis para a acomodação do público.

Mais do que associar essas dificuldades e entraves a circunstâncias de política municipal e estadual da cidade do Rio de janeiro, é preciso que levantemos uma ampla discussão sobre a utilização artística dos espaços públicos não só nessa cidade, mas em âmbito nacional.

Cada vez mais estamos ficando à mercê de exigências e burocracias (municipais, estaduais e federais) que coíbem e sufocam o desenvolvimento e a proliferação de manifestações artísticas no espaço público de cidades brasileiras. Além de não apoiar e incentivar a arte, o poder público no Brasil está passando a dificultar e punir, sob a pretensa justificativa de regulamentar.

E a maior vítima disso tudo é a democratização da arte e da cultura, num país tão carente desses valores como é o Brasil, onde 90% dos municípios não possuem teatros ou casas que possam receber espetáculos teatrais."

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