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segunda-feira, 3 de junho de 2013

O baiano Augusto Omolú partiu neste domingo, por circunstâncias violentas, deixando perplexos todos que conheceram seu trabalho e sua humanidade.

Augusto Omolú
Um dos brasileiros mais ilustres na área das artes cênicas de todos os tempos. O baiano Augusto Omolú partiu neste domingo, por circunstâncias violentas, deixando perplexos todos que conheceram seu trabalho e sua humanidade. Um vazio que jamais será preenchido. 
Em todo o mundo, Augusto disseminou suas pesquisas sobre a energia dos orixás e sobre as danças fundadas no candomblé como contribuição para a realização cênica. Formado bailarino clássico e contemporâneo, foi nas forças naturais evocadas pelos deuses africanos e aprendidas desde a infância que Augusto encontrou uma fonte inesgotável de inspiração. Projetou o que é nosso para o mundo e ensinou – ao mundo - que não há barreiras culturais quando se trata da expressão humana na arte.

 “Porque os orixás representam elementos da natureza, e ela é universal. Não está só na Bahia, na África: está no mundo. Quando falamos dos orixás, falamos do tempo, das folhas, da água, do ar, do fogo... Isso está em todo lugar”, explicou em recente entrevista ao jornalista Valmir Santos. 
Fica nosso lamento silente e nosso agradecimento a um mestre que dança, agora, a coreografia da natureza, o movimento dos elementos essenciais no imenso coração de Olorum.


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O ator, bailarino e coreógrafo Augusto José da Purificação, conhecido como Augusto Omolú, de 50 anos, foi encontrado morto na manhã de hoje, dia 2 de junho, no imóvel em que morava, uma chácara na Praia de Buraquinho, em Lauro de Freitas (BA), região metropolitana de Salvador. Segundo a polícia, Omolu foi assassinado com golpes de faca. O autor do crime ainda não foi identificado.
O corpo da vítima foi encontrado por um funcionário do imóvel por volta das 8 horas, com várias perfurações. Havia sinais de luta dentro da casa. Segundo informações preliminares colhidas pelos agentes da 23ª Delegacia, onde o caso é investigado, o coreógrafo foi visto, na noite de sábado, em um bar do bairro de Portão, no mesmo município. Teria saído do estabelecimento sozinho.
O assassinato causou revolta na classe artística baiana. Foi marcada uma manifestação para a manhã de amanhã, na frente da Escola de Dança da Funceb, no Pelourinho. "É uma perda para a dança, para a cultura da negritude, para a Bahia e o Brasil", relatou o presidente do Olodum, João Jorge Rodrigues, em sua página no Twitter. A polícia trabalha com a hipótese de latrocínio (roubo seguido de morte), mas não descarta outras motivações para o crime.
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Omolú era um dos mais respeitados bailarinos e coreógrafos da Bahia. Foi um dos fundadores da Escola de Dança da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb), e autor da primeira coreografia do Balé Folclórico da Bahia, Dança de Origem, em 1988. Ministrava aulas e palestras em todo o mundo e era professor e assistente de direção do Balé do Teatro Castro Alves (TCA), em Salvador. Diretor artístico e coreógrafo do grupo anfitrião do Carnaval de Nice (França), em 1991, com Gilberto Gil e colaborador do Odin Teatret Nordisk Teaterlaboratorium e da ISTA (International School of Theatre Anthropology)

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