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domingo, 22 de maio de 2011

Abaixo-assinado pela renovação das comissões de avaliação de projetos das artes cênicas do Rio de Janeiro

Para:Sr. Emilio Kalil, Secretário Municipal de Cultura do Rio de Janeiro

Em recente solenidade de lançamento dos editais 2011 da Secretaria Municipal de Cultura, o Prefeito Eduardo Paes foi preciso ao definir o Rio de Janeiro como uma emergente cidade global da América do Sul.
O conceito de cidade global categoriza cidades que pelo vasto trânsito turístico, fluxo de capitais, e circulação de ideias se tornam importantes pólos de troca no sistema econômico global. Se as cidades globais, mais do que nações na sua grandiosidade territorial, são as incubadoras de mudanças, isto se dá por atrativos que têm como principal motor econômico as ideias geradas por seus cidadãos.
O Rio de Janeiro é hoje uma cidade conhecida mundialmente e em fase de franco desenvolvimento. Concordamos quando o Prefeito Eduardo Paes nos diz que a Cultura Carioca é um dos pontos de maior atração de investimento. Se olhamos para Londres, Nova York, Berlim, Bruxelas, Paris, temos a exata mesma impressão. A cultura, no que tange sua diversidade artística, é exemplar em contemplar estruturas de desenvolvimento que atraiam não somente o público mediano, mas grandes formadores de opinião, pensadores, produtores de arte, que são consumidores com enorme potencial de multiplicar midiaticamente sua experiência na cidade. Exemplos de diversas cidades nos mostram que esse público é fundamental na produção de um turismo especializado que fortalece seus laços com a cidade e estabelece conosco uma relação pós-colonial. Nova York nos ensina que as produções off-Broadway e off-off-Broadway complementam, estimulam, e servem inclusive de laboratório para a Broadway. Assim o East and West Village geram um tipo de turismo e demanda artística altamente rentável para a cidade que não compete com o público da Times Square, mas que garante um charme especial à metrópole.
A cena carioca contemporânea tem tido grande repercussão de produção e público na cidade, com convites de trabalho internacionais e artistas renomados que circulam por uma rede globalizada. Nos grandes centros globais, artistas cariocas têm seus nomes elencados para os principais festivais, e as parcerias entre teatros e festivais têm tomado forma e consistência nos últimos dez anos de forma inédita.
O que gerou isso foi a produção contemporânea de pesquisa de linguagem.
Estamos num momento propenso a estabelecer intercâmbios artísticos que consolidem de uma vez por todas nossa vocação de cidade global na América Latina. O UK Season acontece em 2012, onde o Brasil levanta enorme interesse, ainda que pouco destaque. A Sra. Ruth Makenzie, coordenadora das Olimpíadas Culturais de Londres, esteve recentemente no Brasil para tanto divulgar seu calendário como buscar parceiros de trabalho, e se reuniu especificamente com a classe artística voltada à produção de novas linguagens. Da mesma forma, agenda parecida teve a Sra. Faith Liddell neste mês de maio, como diretora dos Festivais de Edimburgo.
Todas as cidades globais mencionadas têm festivais e centros de excelência neste segmento artístico. Em primeira lembrança, surge uma lista de exemplos, tais como La Mamma & etc, PS122, Ontological Theater, Foundry Teather, SPILL, LIFT, Brut, Kunstenfestivaldesarts, Sacred_ChelseaTheatre, Haus der Kulturen der Welt, entre outros.
Em nossa cidade, percebemos atualmente um enorme entrave para o desenvolvimento da produção contemporânea que possa atender a essa demanda: os editais e os prêmios – principais mecanismos disponíveis para fortalecer essa rede global de produção artística contemporânea – não costumam contemplar esse tipo de trabalho. Um fenômeno que aponta para comissões julgadoras que estão interessadas em outros tipos de teatro e de dança, ficando, pois, pouco atentas à principal premissa que nos move: a transdisciplinaridade.
É por esta necessidade que consideramos de grande importância a renovação das comissões de avaliação de projetos de artes cênicas, que poderiam ter a participação de profissionais que reconheçam a validade de outras premissas norteadoras da criação artística na atualidade.
Sugerimos a criação de comissões que contribuam criticamente com essa cena contemporânea.
É nesse sentido que defendemos que artes cênicas é teatro e é dança – na mesma medida. Para arejar as comissões, sugerimos renovar e estabelecer um intercâmbio entre as duas artes, convidando profissionais da dança contemporânea para a comissão do FATE e profissionais do teatro contemporâneo para a comissão do FADA, levando em consideração que a transdisciplinaridade é uma característica dessas produções e que, por conta disso, este intercâmbio já está entendido na prática.
Sugerimos ainda que haja pelo menos um representante deste segmento para cada grupo de avaliação, garantindo assim que a comissão possa abranger uma gama maior de propostas artísticas.


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