Páginas

sexta-feira, 7 de setembro de 2018

A versão "romântica" da Independência do Brasil


A versão "romântica" da Independência do Brasil, aquela que se aprende nos livros de colégio, é muito diferente dos fatos e de como ocorreram.
A professora de história Maria Aparecida de Aquino, da USP (Universidade de São Paulo), esclarece o que é mentira e o que de fato aconteceu nesse trecho do passado brasileiro.

Ela ressalta que a imagem de dom Pedro 1º retratada nas grandes pinturas é falsa. Ele não estaria cercado de homens limpos, vestidos em trajes de gala, nem estaria montado em um cavalo quando deu o grito da Independência.

- Eles eram homens cansados, sujos de poeira, nada glamourosos. Passaram por uma viagem longa.

Dom Pedro estava montado em um jegue quando declarou a Independência, e não em um cavalo, de acordo com Aquino. Ela ressalta que subir as regiões íngremes de São Paulo com cavalo não era fácil nem usual, então essa versão é a mais improvável.

Outro mito é que o príncipe regente estaria às margens do rio Ipiranga na hora da Independência. Ele na verdade sofria de problemas intestinais, como diarréia. A versão mais aceita entre os historiadores é que tenha se refugiado em uma colina para se aliviar, porque provavelmente estava passando mal, afirma Maria Aparecida de Aquino.

- Além de tudo, ele estava vindo de muito estresse e nervosismo na hora de declarar a Independência. Dom Pedro 1º enfrentou resistência das cortes portuguesas e estava furioso com as cartas que estavam chegando, pedindo que ele voltasse o mais rapidamente possível para Portugal. As cartas eram de sua esposa, princesa Leopoldina, e de José Bonifácio.

O Brasil viveu um momento histórico em um dia como hoje, no ano de 1822. Nesta data, Maria Leopoldina, então princesa regente do Brasil por conta de uma ausência de Dom Pedro, assinou o decreto da Independência, declarando o Brasil separado de Portugal. Ela usou seus atributos de chefe interina do governo para fazer uma reunião com o Conselho de Estado, ocasião em que o documento foi assinado.

Os brasileiros já estavam esperando que D. Pedro retornasse a Portugal, o que rebaixaria o país ao status de simples colônia, em vez de um reino unido ao de Portugal. Havia temores de que uma guerra civil separasse a Província de São Paulo do resto do Brasil.

Neste cenário conturbado, D. Pedro entregou o poder a D. Leopoldina, no dia 13 de agosto de 1822, nomeando-a chefe do Conselho de Estado e Princesa Regente Interina do Brasil. D. Pedro partiu para tentar acabar com um conflito em São Paulo. Por conta das notícias vindas de Portugal, Dona Leopoldina não teve tempo de esperar pelo marido e precisou tomar uma decisão, na qual foi aconselhada por José Bonifácio de Andrada e Silva.

Após a assinatura do decreto, ela enviou uma carta a D. Pedro para que ele proclamasse a Independência do Brasil. O papel chegou a ele no dia 7 de setembro de 1822, quando D. Pedro proclamou o Brasil livre de Portugal, às margens do Rio Ipiranga, em São Paulo.

Enquanto aguardava pelo retorno de D. Pedro, Leopoldina, governante interina de um Brasil já independente, idealizou a bandeira do país. Ela foi coroada imperatriz em 1 de dezembro de 1822, na cerimônia de coroação e sagração de D. Pedro I.

(*)Pintura: "Independência ou Morte" ou "O Grito do Ipiranga", do artista Pedro Américo, que terminou de pintar o quadro em 1888 em Florença, na Itália (66 anos após a independência ser proclamada).

Nenhum comentário:

Postar um comentário