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sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Esta semana, o Brasil perdeu um dos seus grandes artistas: Walmor Chagas

Walmor Chagas foi um dos grandes atores brasileiros, com atuação na TV, no teatro e no cinema - todas marcantes...



Esta semana, o Brasil perdeu um dos seus grandes artistas. Um nome que fez história no teatro, cinema e na TV. Aos 82 anos, Walmor Chagas vivia isolado em um sítio no interior de São Paulo. Um retiro a que só amigos e empregados tinham acesso. Nascido em Porto Alegre, em 1930, Walmor Chagas enfrentou a família, aos 18, para ser ator.
Na Rede Globo de Televisão, trabalhou em 15 novelas e oito minisséries. A última novela foi "A Favorita", em 2008.

Também fez dezenas de filmes. O primeiro trabalho no cinema foi o clássico "São Paulo SA", de Luís Sérgio Person.

O último foi o ainda inédito "A coleção invisível", de Bernard Attal. A equipe filmou em 2011 na Bahia.

Mas os palcos foram sempre a maior paixão.

Walmor Chagas foi casado com a atriz Cacilda Becker. Atuou, produziu e dirigiu mais de 60 peças. E fez teatro até na televisão. 

Bravos!!! 

VIVER É MORRER

Em 2011, em entrevista à série "Grandes Atores", da GloboNews, o ator disse que passara a se sentir deslocado no circuito das artes.

"É como um atleta: tem um período de auge, depois começa a decair", afirmou.
"Viver para mim é vontade de morrer, já dizia Drummond. Morrer é fundamental. Estou esperando a morte a cada minuto, a cada momento. Sem problemas."

A última peça de teatro estrelada e escrita por Walmor debatia o suicídio. Com o título "Um Homem Indignado", entrou em cartaz em São Paulo em 2005, com direção de Djalma Limongi Batista.

Com base na peça e em entrevistas com o ator, Limongi Batista escreveu o livro "Ensaio Aberto para um Homem Indignado", lançado pela coleção Aplauso (Imprensa Oficial). Segundo ele, nos últimos anos Walmor se isolara completamente na pousada de Guaratinguetá. "Era coisa dele mesmo, ele gostava. Se for pensar, a geração toda dele foi indo embora, é natural que a pessoa vá se isolando. Deve ser um sentimento horrível. Ele era muito sensível."



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Barbara Heliodora escreve sobre Walmor Chagas: 'Grande ator e grande pessoa'

  • Crítica de Teatro do GLOBO lembra os principais momentos da carreira do ator

Vai-se mais um nome da grande geração de atores que foi vista na fase áurea do espetáculo brasileiro, os anos 50 e 60. Walmor Chagas era gaúcho, e se tornou conhecido a partir dos anos em que trabalhou no TBC de São Paulo. No que talvez seja sua atuação mais inesquecível, a de George em “Quem Tem Medo de Virginia Woolf”, ele trabalhou ao lado de Cacilda Becker, com quem se casou, e com quem saiu do TBC, junto com Ziembinski, para fundar o Teatro Cacilda Becker, companhia que existiu por alguns anos, tendo estreado no Rio de Janeiro com “Longa jornada noite adentro”, de Eugene O’Neill.
Para o grande público, Walmor é mais lembrado por seus muitos trabalhos na televisão, já que depois da separação e da morte de Cacilda (com quem ele fazia “Esperando Godot” quando ela teve seu derrame fatal) ele se afastou muito do teatro. Porém mais tarde comprou uma casa na Tijuca onde, graças a grandes obras, inaugurou um pequeno teatro.
Mesmo já muito ligado à televisão, Walmor fez ainda, com Italo Rossi, um extraordinário espetáculo com poemas de Fernando Pessoa.
Com uma forte tendência para a reclusão, Walmor passou já há muitos anos a morar em seu sítio perto de Campos de Jordão, de onde em algumas ocasiões a TV Globo conseguiu seduzi-lo para mais um trabalho no qual, como sempre, ele se sairia muito bem.
Grande ator e grande pessoa, a figura de Walmor Chagas marca a história do teatro e da televisão brasileiros, e deixa imensas saudades.

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