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sábado, 5 de janeiro de 2013

TEATRO POEIRA - A PONTE DOS VENTOS

7 a 11 de Janeiro
A Ponte dos Ventos – Vindenes Bro, em dinamarquês – é o nome de um projeto pedagógico criado e dirigido por Iben Nagel Rasmussen desde 1989. Nasce do desejo de Iben de reunir um grupo internacional de artistas para transmitir seu próprio legado e os valores teatrais sobre os quais se funda sua experiência como atriz. Seu objetivo não é fazer espetáculos, e sim trabalhar ao longo dos anos com as mesmas pessoas, formando um coletivo orgânico e seguindo o desenvolvimento e a transformação do percurso artístico de cada um.
O grupo, que desde então se reúne anualmente por cerca de 20 dias em diferentes países, possui artistas europeus e latino-americanos, três dos quais brasileiros: Carlos Simioni (SP), Tatiana Cardoso (RS) e Rafael Magalhães (BA). No entanto, a transculturalidade do grupo não é apenas ligada à geografia, mas às diferentes formações artísticas de seus integrantes: atores, dançarinos, músicos e cantores.
 
Atualmente, A Ponte dos Ventos difunde sua experiência através de oficinas, encontros pedagógicos, espetáculos, teatro de rua, animação cultural, trocas e o concerto multicultural "As Vozes do Vento". Isso acontece quando seus integrantes se encontram para aprofundar sua pesquisa e, ao mesmo tempo, compartilhá-la com um público mais amplo.
 
O encontro que acontecerá entre Iben Rasmussen e Carlos Simioni no Rio de Janeiro, viabilizado pelo Teatro Poeira, nasce do meu desejo de compartilhar com artistas e estudiosos de nossa cidade um pouco da história, da cultura e da tradição artístico-pedagógica do Ponte dos Ventos, um grupo que, para existir e sobreviver, teve que inventar uma modalidade completamente nova de "fazer teatro", revelando-se único no cenário internacional. Afinal, que outro grupo existe solidamente no mundo há 23 anos com todas estas características, mantendo rigorosamente a reunião anual de seus 22 integrantes, provenientes de 11 diferentes países, para uma profunda imersão de investigação teatral e, também, pela alegria do encontro e da troca?
 
Muitas são as formas de teatro experimentadas através dos séculos e das geografias. Muitas são as maneiras de vivê-las e de fazê-las viver. Muitas são as possibilidades de viver através do teatro. Muitas são as configurações dos grupos e das comunidades teatrais. A Ponte dos Ventos nos prova que nada é impossível quando a necessidade é mais forte que os obstáculos, quando o desejo de voar leva à construção das próprias asas para que o sonho se realize, mas sem nunca perder a consciência do chão.
 
Patricia Furtado de Mendonça
 
 
Por que unir Iben Nagel Rasmussen e Carlos Simioni neste projeto?
 
A junção destes dois grandes artistas no Teatro Poeira, dentro da moldura deste projeto, não é nada casual e se dá por diferentes razões.
 
I
Trajetórias Compartilhadas
Carlos Simioni foi o primeiro discípulo de Luis Otávio Burnier, com quem fundou o Lume Teatro em 1985. Iben Nagel Rasmussen é uma das atrizes mais antigas do Odin Teatret, grupo fundado por Eugenio Barba em 1964.
Foi Luis Otávio Burnier que trouxe Eugenio Barba ao Brasil pela primeira vez, em maio de 1987, quando ele esteve no Rio de Janeiro junto de Iben Nagel Rasmussen e de outros atores do Odin Teatret Nordisk Teaterlaboratorium. Em fevereiro de 1991, Aderbal Freire-Filho leva Eugenio Barba à Fortaleza. Burnier e Aderbal são responsáveis por inúmeras turnês do Odin Teatret ao Brasil nos anos seguintes.
Com isso, vemos o entrelaçar-se de trajetórias compartilhadas entre Carlos Simioni, Luis Otávio Burnier, Iben Nagel Rasmussen, Eugenio Barba e Aderbal Freire-Filho – hoje, assíduo "habitante" do Teatro Poeira – há mais de 20 anos.
 
II
Iben Nagel Rasmussen e Carlos Simioni
Eles se conheceram em 1987, quando Iben veio ao Brasil pela primeira vez e, a partir desta data, foi inúmeras vezes a Campinas, com o Odin Teatret, a convite do Lume. Em 1989, Iben convida Simioni a participar do primeiro encontro do Ponte dos Ventos. Aí se estabelece entre os dois um forte vínculo profissional e pessoal que só fez se estreitar ao longo dos anos.
 
III
Teatro Poeira e Odin Teatret
Em dezembro de 2010, a atriz Julia Varley faz uma série de demonstrações de trabalho no Teatro Poeira, nos mesmos dias em que Barba conduz um seminário teórico junto de Aderbal.
Em janeiro de 2012, a atriz Roberta Carreri conduz uma oficina no Teatro Poeira, onde também dá uma palestra e faz o lançamento nacional de seu livro Rastros: treinamento e história de uma atriz do Odin Teatret.
Pensando na continuidade destas ações, era interessante levar a atriz Iben Nagel Rasmussen ao Teatro Poeira, em janeiro de 2013, para conduzir outra oficina, apresentar um trabalho e conversar com o público carioca. Como Iben não conduz mais oficinas sozinha, era preciso definir quem poderia ser seu parceiro neste projeto.
 
IV
Teatro Poeira e Lume Teatro
Carlos Simioni foi um dos primeiros artistas convidados pelo Teatro Poeira para participar do Programa Ponte Aérea, que foi o trampolim para o Projeto Puentes. Por que não voltar agora ao Poeira, junto de Iben, sua mestra, com A Ponte dos Ventos??
 
 
Patricia Furtado de Mendonça
 
dia 07 – segunda-feira
das 21h00 às 22h00: apresentação de Branca como o Jasmin, demonstração de trabalho/concerto vocal de Iben Nagel Rasmussen
 
dia 08 – terça-feira
das 10h00 às 14h00: oficina com Iben Nagel Rasmussen e Carlos Simioni
das 21h00 às 22h00: apresentação de Prisão para a Liberdade, demonstração de trabalho de Carlos Simioni
 
dia 09 – quarta-feira
das 10h00 às 14h00: oficina com Iben Nagel Rasmussen e Carlos Simioni
das 21h00 às 22h00: Encontro Público A Ponte dos Ventos, com Iben Nagel Rasmussen e Carlos Simioni. Mediação: Patricia Furtado de Mendonça.
 
dia 10 – quinta-feira
das 10h00 às 14h00: oficina com Iben Nagel Rasmussen e Carlos Simioni
 
dia 11 – sexta-feira
das 10h00 às 14h00: oficina com Iben Nagel Rasmussen e Carlos Simioni
 
 
Branca como o Jasmin
A atriz Iben Nagel Rasmussen evoca os espetáculos feitos pelo Odin Teatret de 1966 até os dias de hoje. Ela recorda e experimenta as várias mudanças vividas por sua voz, desde a "sala fechada" (que deixa os atores expressarem seu mundo interior) e os espetáculos de rua (o encontro com o mundo exterior) até o espaço criado pelas palavras através de seus significados e sonoridades.
 
Prisão para a Liberdade
A demonstração técnica aborda a trajetória do ator fundador do LUME, Carlos Simioni, e as pesquisas do grupo. Abrange o treinamento físico cotidiano, a construção de técnicas de expansão e dilatação do corpo no tempo e espaço, as técnicas de manipulação de diferentes qualidades de energias, além do treinamento vocal do ator.  Aborda o encontro com outros mestres de linhas de trabalho e sua assimilação, bem como a passagem do treinamento para a elaboração de figuras e construção de cenas. Também é levantada a questão de como a técnica pode se tornar uma prisão para o ator, e a descoberta de como ela pode ser um trampolim para a transcendência de seu trabalho.
 
Encontro Público: A Ponte dos Ventos
Neste encontro, Carlos Simioni e Iben Nagel Rasmussen confrontarão suas histórias profissionais através do Odin Teatret e do Lume Teatro, além de falar de sua trajetória comum com A Ponte dos Ventos (treinamento e espetáculos pelo mundo), mostrando vídeos e compartilhando vivências sobre o ofício do ator. O encontro será mediado por Patricia Furtado de Mendonça. Ao final, eles responderão às perguntas do público.
 
 
A Ponte dos Ventos
o canto do corpo e as raízes da voz
 
 
Durante as 16 horas de oficina conjunta, Carlos Simioni e Iben Nagel Rasmussen compartilharão com os participantes suas técnicas pessoais de treinamento de ator, como em uma viagem através de exercícios feitos pelos atores do Odin Teatret, do Lume Teatro e do Ponte dos Ventos.
 
Como diferentes tipos de exercícios físicos geram diferentes tipos de energia
 
1) Treinamento Físico: os atores irão trabalhar com alguns dos exercícios que durante os últimos vinte anos foram elaborados e praticados com o grupo A Ponte dos Ventos, como: samurai, fora de equilíbrio, verde, dança dos ventos, construção da presença física e expansão das energias do ator. Serão utilizados bastões e faixas.
2) Cada participante criará uma própria partitura de ações físicas que, em seguida, será colocada em relação às partituras de ações físicas dos outros participantes.
 
Como a voz pode atuar e interferir no espaço
3) Treinamento Vocal: os atores irão trabalhar a estrutura física da voz a partir dos ressonadores corporais.
4) Criarão partituras de ações vocais, sequências musicais e sonoras.
 
Juntos, os atores montarão as várias "histórias" criadas durante a oficina. O trabalho dos 4 dias culminará com uma estrutura de ações físicas e vocais: "um mini-espetáculo".

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