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domingo, 20 de novembro de 2011

Absurdo! Prefeito acaba com Cia de Ballet e cria Cia de Dança de Niterói

Decisão é tomada quatro dias após protesto dos bailarinos por melhores condições de trabalho. Jorge Roberto diz que grupo perdeu o seu caráter social.




Integrantes da Companhia de Ballet de Niterói com faixa de protesto após apresentação na Praia de Icaraí: "Bailarinos da Cia Pública de Niterói desvalorizados até quando?" Foto: Reprodução













Integrantes da Companhia de Ballet de Niterói com faixa de protesto após apresentação na Praia de Icaraí: "Bailarinos da Cia Pública de Niterói desvalorizados até quando?"
REPRODUÇÃO

O prefeito de Niterói, Jorge Roberto Silveira, anunciou na noite desta quinta-feira a criação da Companhia de Dança de Niterói. O grupo substituirá a Companhia de Ballet de Niterói, que, no domingo passado, após uma apresentação na Praia de Icaraí, protestou contra às más condições de trabalho. Jorge Roberto disse que o caráter social do grupo, que, segundo ele, foi criado com o principal objetivo de dar aulas a crianças carentes, perdeu-se.
A manifestação foi promovida pelos bailarinos após a apresentação do Encontro Niterói-América do Sul, no domingo, na Praia de Icaraí. Eles estenderam uma faixa com a inscrição “Bailarinos da Companhia Pública de Niterói DESVALORIZADOS. Até quando?

Integrantes da Companhia de Ballet fazem ato na Câmara com narizes de palhaço. Grupo exibe faixa com inscrição "Bailarinos da Cia Pública de Niterói desvalorizados, Até quando?", mesma que causou polêmica. Foto: Divulgação

Extinção da Companhia de Ballet recebe duras críticas

O presidente do Conselho Municipal de Cultura, Sady Bianchin, fez uras críticas ao prefeito. Para ele, os argumentos não são convincentes, e as motivações do prefeito têm cunho meramente político:

O movimento a favor dos bailarinos também ganhou força na Câmara. Os vereadores Leonardo Giordano (PT), Renatinho (PSOL) e Waldeck Carneiro (PT) estão unindo esforços em prol do grupo. Os bailarinos estiveram na sessão plenária de quinta-feira e realizaram outro ato.

DANÇA FANTASMA

Prefeitura diz que companhia de balé não existe


Em meio à crise que se instalou há quatro anos na Companhia de Ballet da Cidade de Niterói, com o pedido de equiparação salarial de seus 27 bailarinos a outros grupos brasileiros mantidos pelo poder público, surge uma novidade inusitada: o presidente da Fundação de Arte de Niterói, Marcos Sabino; e o presidente da Neltur, José Haddad, afirmam que a companhia, criada em 1992, não existe formalmente. 


— A instituição Companhia de Ballet da Cidade de Niterói, com CNPJ e tudo o mais, não existe. O que há são bailarinos contratados pela prefeitura, servidores públicos — diz Sabino. 



No entanto, o edital do penúltimo concurso para bailarinos, cujas provas ocorreram no início de 2004, afirma: “estão abertas as inscrições para preenchimento de 9 (nove) vagas para bailarino (a), para fazer parte da Companhia de Ballet da Cidade de Niterói”. O documento está hospedado no próprio site da Neltur. 



— É um absurdo o presidente da FAN dizer que a companhia não existe. Se não existe, como fizemos um concurso? — questiona o bailarino Gregory Lorenzutti.




Publico carta dos bailarinos da Companhia de Ballet da Cidade de Niterói que por si só já fala da atrocidade demagógica desse prefeito.


“Nós, bailarinos da Companhia de Ballet a Cidade de Niterói sentimos a necessidade de tornar pública toda a retaliação e injustiça que vem sido arbitrada desde o dia 13 de novembro na Praia de Icaraí, quando logo após cumprirmos a nossa função e brindarmos o público com um espetáculo sensível e de qualidade, expressamos através da leitura de uma nota e a extensão de uma faixa no palco, a situação pela qual atravessávamos. O público aplaudiu e demonstrou sua solidariedade e apoio.
Três dias depois fomos surpreendidos com a atitude do prefeito que demitiu a direção da Companhia e indicou férias coletivas para todos os bailarinos. No dia 18 de novembro foi publicado no jornal O Fluminense que o prefeito vai a pedir destombamento da Companhia como patrimônio imaterial e solicitar a criação de um novo grupo.
Esta atitude confirma mais uma vez o caráter autoritário e desrespeitoso desta prefeitura. Nós, trabalhadores da dança, temos o direito de nos expressarmos como qualquer cidadão e como funcionários públicos que cumprimos eficientemente com nosso trabalho. Entretanto, infelizmente, o prefeito não reconhece o trabalho de vinte anos da Companhia que tantos louros ofereceram a prefeitura de Niterói, divulgando o nome da cidade por todo o país e transmitindo arte, e joga no lixo a história e o prestígio de uma Companhia que é orgulho de nossa cidade.
Esclarecemos também que diferentemente ao que o prefeito afirmou no jornal, sempre cumprimos com as obrigações e solicitações da instituição, fazendo projetos escola em nossos espetáculos e, por iniciativa da direção da Companhia e dos bailarinos, construímos o projeto “Natal com Arte” para instituições de auxilio a crianças carentes e idosos. Além disto, jamais nos opusemos à importância na formação do ensino da dança em Niterói de maneira legitima e gratuita, apenas não podemos concordar com a extinção do órgão que trará para estes estudantes a possibilidade de ingressar no mercado de trabalho; o objeto final de uma Companhia de ballet é o espetáculo de dança e para formar profissionais para estes espetáculos existem as escolas de danças.
O prestigio do nosso diretor e do conjunto da companhia não pode ser desvirtuado pelos caprichos de um governante que renega o diálogo, escolhe o autoritarismo e despreza o capital cultural de nossa cidade.
Bailarinos da Companhia de Ballet da Cidade de Niterói



Abaixo-assinado Salve a Companhia de Ballet da Cidade de Niterói.

Para:Prefeitura de Niterói, Camara dos Vereadores, Eleitores de Niterói

Salve a Companhia de Ballet da Cidade de Niterói. 

A Companhia Pública de Niterói, que possui quase 20 anos de existência, poderá ser extinta pelo Sr. Prefeito da Cidade. Ajude a salvar esse patrimônio artístico e cultural de Niterói.


Os signatários










Um comentário:

  1. Ministério Público estadual investiga extinção da Cia de Ballet

    Promotoria investiga se houve ato de improbidade administrativa do prefeito

    Luiz Gustavo Schmitt

    O Ministério Público (MP) estadual instaurou inquérito, nesta segunda-feira, para apurar possíveis irregularidades na extinção da Companhia de Ballet de Niterói, além das denúncias de condições precárias de trabalho. A Promotoria de Tutela Coletiva de Defesa da Cidadania investiga suposto ato de improbidade administrativa por parte do prefeito de Niterói, Jorge Roberto Silveira, ao determinar, por meio de nota, o fim do grupo sob o argumento de que o caráter social do mesmo — que, segundo ele, foi criado com o principal objetivo de dar aulas a crianças carentes — perdeu-se. A Promotoria suspeita de que a finalidade da companhia não seja esta, o que incorreria em infração do artigo 11 da Lei 8429/92.

    O MP agendou ainda uma reunião, nesta quarta-feira, com o presidente da Fundação de Arte de Niterói (FAN) Marcos Sabino e com a Procuradoria do Município.

    Na tarde desta terça-feira, os bailarinos vão aderir a um ato público pela refundação simbólica de Niterói, às 17h, na praça Araribóia. A manifestação deve contar com uma mobilização conhecida como flash mob, uma aglomeração de pessoas convocadas pela internet. Lá, os artistas vão aproveitar para recolher assinaturas em prol do movimento "Salve a Companhia de Ballet da Cidade de Niterói", que já conta com petição pública on-line.

    Na Câmara Municipal, o vereador Leonardo Giordano (PT) lançou uma ofensiva em defesa dos bailarinos. Na semana passada, Giordano solicitou à realização de uma audiência pública sobre a arte da dança. Ele também enviou requerimento de informações à Secretaria de Cultura acerca das exonerações do corpo técnico da companhia e à Niterói Empresa de Lazer e Turismo (Neltur) para saber se existe procedimento administrativo contra os bailarinos.

    A Prefeitura de Niterói informa que prestará todos os esclarecimentos necessários, nesta quarta, no Ministério Público (MP) estadual, a fim de mostrar que não há irregularidades na condução desse processo.

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